terça-feira, 29 de julho de 2008

Setor informal "é principal via para escapar da pobreza no Brasil"

O setor informal retira mais trabalhadores da pobreza do que o formal, segundo um artigo divulgado em uma publicação do CIP (Centro Internacional da Pobreza), órgão ligado ao Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDP).

"Empregos para trabalhadores pobres são escassos no setor formal. Para melhorar a sua renda, os pobres apelam para empregos informais e sem registro que são altamente vulneráveis", dizem a pesquisadora Ana Flávia Machado, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e Rafael Perez Ribas, do CIP, no artigo Onde Estão os Empregos que Tiram as Pessoas da Pobreza no Brasil?

Utilizando dados da Pesquisa Mensal de Emprego de 2004 para avaliar a relação entre mobilidade entre estados de pobreza e inserção no mercado de trabalho, os autores classificaram trabalhadores entre 18 e 60 anos em três grupos: trabalhadores do setor formal, do setor informal e desempregados.

Os autores constataram que 6% dos desempregados, 3% dos trabalhadores pobres do setor informal e 1% dos trabalhadores pobres do setor formal saem da pobreza de um mês para o outro. Segundo eles, isso mostra que "trabalhadores pobres do setor formal têm menos chances de sair da pobreza."

Além disso, cerca de 85% de trabalhadores informais que saem da pobreza continuam no setor informal, e apenas 11% passam a ter um emprego no setor formal.

No setor formal, entre os que saem da pobreza, 91% continuam no setor formal, enquanto 9% se deslocam para a informalidade.

Já entre os desempregados que conseguem sair da pobreza, 37% encontram emprego no setor informal, enquanto que 14% o fazem no setor formal.

"Isso sugere que o setor formal não tem ajudado as pessoas a saírem da pobreza tanto quanto o setor informal", dizem os autores.

Vulnerabilidade
Por outro lado, o artigo diz que os trabalhadores do setor informal têm mais chances de cair na pobreza do que os do setor formal, porque "podem não ter proteção social durante tempos de crise econômica".

Os dados compilados pelos autores mostram que 4% dos trabalhadores informais, 3% dos desempregados e 2% dos trabalhadores do setor formal passam a ser pobres de um mês para o outro.

Os autores também concluíram que a porcentagem de trabalhadores que entram na pobreza por causa do desemprego é maior no setor informal (16%) do que no formal (12%).

"O setor formal oferece as melhores condições para os trabalhadores, mas no Brasil os pobres têm acesso limitado a esse setor. A informalidade tem sido um meio alternativo de promover mobilidade sob condições de baixa renda, apesar de sua maior vulnerabilidade", concluem os pesquisadores.


BBC Brasil, 28/07/08


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