segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Nordeste puxa a alta de vendas de perfumes neste ano

Ana Paula Grabois
Publicado pelo
Valor Online em 27/08/07

O Nordeste, tradicional consumidor de perfumes e colônias e que vem tendo a renda ampliada por programas públicos de transferência de recursos como o Bolsa-Família, puxa o ritmo de alta das vendas de perfumes neste ano.

O Grupo Suissa, fabricante da tradicional colônia Alfazema Suissa, é um exemplo do sucesso do segmento no mercado nordestino. O grupo concentra 65% de suas vendas no Nordeste e prevê crescer 25% nas vendas em 2007. O grupo, cuja fábrica está localizada em Nova Iguaçu (RJ), é líder de vendas em perfumaria em supermercados e farmácias na região e inaugurou entre o ano passado e este ano centros de distribuição em Feira de Santana (BA), Recife e Fortaleza.

Edison Arnaud, um dos sócios do grupo, diz que os planos agora incluem a instalação de uma segunda fábrica em Feira de Santana (BA). "Além do Bolsa Família, que aumentou o consumo, o Nordeste passou a ter um maior desenvolvimento econômico, com a entrada de diversas empresas", afirmou.

A pequena Kanitz, antiga fábrica de sabonetes, também aposta suas fichas nas colônias destinadas ao mercado nordestino. O dono da empresa, Celso Dantas, calcula que o Nordeste puxará a alta de 20% do faturamento neste ano. A região foi responsável por 35% das vendas da Kanitz em 2006, mas a participação em 2007 deve chegar a 45%. "A renda está em alta e a economia interna está aquecida, com inflação baixa. Isso tudo favorece a expansão das vendas", diz Dantas. Os projetos da Kanitz para o Nordeste abrangem a ampliação da estrutura de vendas, com mais funcionários nos pontos de vendas.

A Natura, líder na venda de perfumes e colônias na região, tem perspectivas ainda melhores para os próximos anos. "As classes C e D, que ainda continuam a comprar bens duráveis, passarão daqui a pouco a usar a renda extra nos bens não-duráveis, como os perfumes", disse Eduardo Costa, diretor de marketing da empresa, especializada em venda direta.

"A penetração do perfume no Nordeste é muito maior em comparação às outras regiões e está relacionada a questões culturais. Por causa do clima mais quente, se toma mais banho", disse. Observou que o aumento do consumo de perfumaria nos últimos anos tem se dado de uma forma generalizada entre as diferentes faixas de renda, mas tem sido puxado pelas classes de renda mais baixa.

A rede O Boticário tem na Nordeste 50% do faturamento em perfumes e colônias. "O consumo de perfumaria no Nordeste é o maior do país, principalmente nas colônias com concentração menor. É uma região em que o cheiro é muito valorizado", diz a gerente Tatiana Ponce. A participação de mercado do Boticário no Nordeste é de cerca de 15%, segundo a associação do setor. Na lista dos cinco produtos mais vendidos pela empresa, está a colônia Free, voltada ao consumidor da região, que responde por 90% das vendas nacionais do produto. No segundo bimestre a receita da empresa subiu 23% - acima da média de 15% de todo o mercado de perfumes.

"O Nordeste se firma como uma região de desenvolvimento e como as condições sócio-econômicas do Brasil estão melhorando, há um impacto nos nossos negócios", disse Tatiana.

O faturamento dos fabricantes de perfumes e colônias deve crescer 20% neste ano no Brasil e alcançar R$ 2,8 bilhões, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. Seu presidente, João Carlos Basilio, também vê o Nordeste como principal responsável pela expansão do consumo nacional. "Em todas as categorias de consumo de produtos pessoais e de cosméticos, o Nordeste está crescendo mais que a média nacional. Está havendo uma injeção de renda naquela região", disse Basilio.


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