domingo, 1 de julho de 2007

Especialistas lançam Rede pelo Cerrado na Câmara

Publicado pela Agência Câmara em 29/06/07

Fotografia de Marcio Martins

O decano de pós-graduação e pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) Márcio Pimentel alertou para a velocidade da transformação do Cerrado nos últimos 20 anos e para o perigo de desaparecimento do ecossistema, se prevalecer a atual taxa de desmatamento de 1,5% ao ano. O professor pediu rapidez no início dos trabalhos Rede de Pesquisa em Ciência e Tecnologia para Conservação e o Uso Sustentável do Cerrado, que foi lançada nesta quinta-feira (28) em audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, da qual participou.

Pimentel lembrou que apenas 6% do Cerrado está em área protegida pelo Poder Público e argumentou que os gestores precisam embasar suas políticas no conhecimento produzido pela rede. Na avaliação do deputado Jorginho Maluly (DEM-SP), que presidiu a reunião, o sistema será fundamental para integrar os procedimentos, os projetos e os financiamentos para a pesquisa relativa ao meio ambiente.

Interação
Na audiência, a professora de Ecologia da UnB Mercedes Bustamante destacou o papel do Cerrado na interação entre os ecossistemas do País. Ela lembrou que o Cerrado ocupa 21% da área total do Brasil e está presente em 11 estados. Em razão dessa importância, o deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que sugeriu a reunião, disse que a sociedade precisa se mobilizar em defesa do Cerrado.

Rollemberg explicou que a rede tem como objetivo integrar os ministérios de Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente, as universidades federais e estaduais, e centros de pesquisa, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); "assim como aprofundar os conhecimentos sobre o bioma Cerrado para que possa utilizá-lo de forma inteligente, produtiva e sustentável".

Características do Cerrado
Atualmente restam menos de 17% da área nativa do Cerrado, que contava com aproximadamente 2 milhões de quilômetros quadrados de área original. O bioma apresenta a maior diversidade biológica entre as savanas mundiais e vem sofrendo, nas últimas décadas, intenso processo de transformação da cobertura vegetal.

A pesquisadora da Embrapa Ludmila Aguiar afirmou que, apesar de sua importância, o Cerrado é o ecossistema brasileiro menos conhecido. Segundo estimativas, existem no Cerrado 11 mil espécies de plantas, muitas delas exclusivas desse bioma.

Ela informou que o grande desafio da Embrapa nos últimos 30 anos é garantir um aumento da produção agrícola sem aumentar a área desmatada. Outro ponto citado pela pesquisadora é a necessidade da conscientização dos produtores da importância de se manter áreas de Cerrado em suas propriedades.

A professora da UnB Mercedes Bustamante lembrou que as áreas nativas remanescentes abrigam populações com baixo índice de desenvolvimento humano. Ela defende a adoção de mecanismos de valorização do Cerrado ainda virgem e a cobrança por serviços ambientais. Mercedes diz que é possível utilizar os produtos da biodiversidade e criar um sistema de pagamentos de serviços ambientais. "Essas áreas nativas remanescentes de vegetação são as que nos garantem a água que abastece as nossas cidades, que garantem a nossa qualidade do ar, a regulação climática ao longo do bioma. Então por que não colocar um valor para os serviços ambientais que essas áreas nativas prestam? A professora acrescenta que esses recursos devem ser utilizados para o desenvolvimento das populações locais.


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