segunda-feira, 18 de junho de 2007

Empresas e sociedade perdem com a corrupção

Publicado pela revista Envolverde em 15/06/07


A boa notícia é a mobilização dos empresários para combater esse mal.

O principal consenso entre os debatedores do painel temático “Como implementar políticas de integridade contra a corrupção”, realizado na Conferência 2007 do Instituto Ethos, deu-se em torno das perdas que o fenômeno provoca não apenas para a sociedade, mas também para as próprias empresas. De acordo com os dados apresentados por José Tadeu de Moraes, vice-presidente do Conselho de Cidadania Empresarial da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), pelo menos US$ 3 trilhões por ano são desperdiçados, no mundo, por causa da corrupção.

No Brasil, segundo Moraes, a grande maioria dos casos identificados de corrupção se dá em torno de verbas sociais ou de infra-estrutura e, pior, acontece em pelo menos 70% dos municípios brasileiros. Os dados são da Controladoria Geral da União. No caso das empresas, cerca de 25% delas alegam ter um custo entre 5% e 10% de seu faturamento com o pagamento de propinas. Aproximadamente 70% gastam até 3% com essa prática.

De acordo com Valerie Weinszieri, diretora associada do Partnering Against Corruption Iniciative (Paci), iniciativa surgida no ano passado dentro do Fórum Econômico Mundial, pelo menos 25% de toda a ajuda enviada às vitimas do tsunami de 2004, na costa asiática, foi embora pelo ralo da corrupção. As perdas totais em todo o planeta, segundo ela, chegam a 5% do PIB mundial.

As iniciativas para o combate a essa prática, pelo menos entre os empresários, começaram a crescer acentuadamente em todo o mundo nos últimos anos. A partir do lançamento do Pacto Empresarial pela Integridade e Contra a Corrupção, em 2006, os empresários mineiros, por meio do Conselho de Cidadania Empresarial da Fiemg, criaram o Movimento Fiemg pela Ética e Combate à Corrupção, que vem sendo considerado um dos mais avançados atualmente no país.

O movimento mineiro se desenvolveu em três etapas: sensibilização e mobilização dos empresários, educação para valores e diagnóstico e construção de ferramentas. Contou com o apoio de parceiros importantes, entre os quais o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) e a Fundação Dom Cabral. Em menos de um ano de atuação, de acordo com José Tadeu de Moraes, o movimento instituiu o Comitê Estratégico e mais oito comitês regionais nas principais cidades-pólo do Estado, fez um “mapa de riscos de corrupção” e elaborou o Guia Metodológico para Elaboração de Códigos de Conduta Ética, para auxiliar as empresas a enfrentar o problema.

Outra iniciativa que ganhou apoio maciço dos empresários foi instalada na Colômbia há apenas 18 meses, por meio da Transparência por Colômbia, ligada à Transparência Internacional. De acordo com Margareth Florez, diretora da instituição colombiana, o projeto foi proposto para as empresas de tubulação e recebeu a adesão de 100% dos fabricantes, envolvendo grupos nacionais e multinacionais, e 95% dos comerciantes desse segmento. O movimento colombiano baseou-se num acordo formalmente assinado entre as empresas e levou ao estabelecimento de códigos de ética e sanções ou incentivos, tais como pontuações classificatórias positivas para seus integrantes no caso de concorrências públicas. Os resultados, de acordo com Margareth, são animadores, não só pela percepção de que a corrupção entrou em rota de queda, mas também na diminuição dos preços dos produtos fornecidos por essas empresas e na redução de custos.

Apesar do otimismo manifestado pelos participantes do painel com relação a essas iniciativas, todos foram unânimes em alertar que é preciso fazer uma avaliação constante dos mecanismos adotados e, principalmente, estimular a vigilância externa, mobilizando a sociedade civil, por meio de ongs e de canais de denúncia, e estabelecendo uma severa punição para os casos detectados de corrupção. As vantagens desse tipo de programa para as empresas, de acordo com Valerie Weinszieri, do Paci, são muitas. Além de reduzir os riscos de perdas – “já que ninguém tem certeza de que o suborno trará vantagens” –, eliminar a corrupção evita problemas legais, aumenta a reputação da empresa e traz claros resultados positivos na área financeira.


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