segunda-feira, 12 de julho de 2010

Mulheres com agência própria

Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, encabeça encontro de alto nível do Ecosoc, ladeado por seu presidente, Hamidon Ali (à direita)
Foto UN Photo/Eskinder Debebe

A criação da ONU Mulher faz prever bons resultados para o 65° período de sessões da Assembleia Geral, que acontecerá em setembro para analisar a situação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), cujo avanço influencia em grande parte a igualdade de gênero. Cerca de 50 delegações dos Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU), que participaram da Revisão Ministerial Anual do Conselho Econômico e Social (Ecosoc) das Nações Unidas, discutiram na semana passada em Nova York os progressos e desafios em matéria de igualdade de gênero.

Na declaração final da reunião, concentrada em “implementar os objetivos e compromissos acordados pela comunidade internacional em matéria de igualdade de gênero e promoção da mulher”, os países se comprometeram a alcançar a igualdade de gênero em todo o mundo. Para isso foram adotadas várias medidas. A mais importante foi a criação da Entidade para a Igualdade de Gênero e a Capacitação da Mulher das Nações Unidas, ou ONU Mulher, aprovada pela Assembleia Geral no dia 3, no final do encontro de uma semana.

“Agradeço aos Estados-membros por darem este importante passo para as mulheres e meninas de todo o mundo”, diz a declaração do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. “A ONU Mulher ajudará de forma significativa na incremento da igualdade de gênero, ampliação de oportunidades e a enfrentar a discriminação no mundo”, acrescenta. Já o ministro de Assuntos Exteriores da Índia, Preneet Kaur, está “alegre pelo fato de um dos esforços mais importantes ter dado frutos”.

A declaração ministerial também fala da importância de empregar novas estratégias para combater a desigualdade de gênero. O documento de sete páginas destaca a necessidade de incluir uma perspectiva de gênero no projeto, na implementação e avaliação de programas e políticas no âmbito econômico, social e político. “É crucial para todos os aspectos do crescimento econômico”, disse o presidente do Ecosoc, Hamidon Ali.

Algumas das estratégias incluídas na declaração são: integrar formalmente as mulheres à economia, eliminar a violência que sofrem, melhorar o acesso a educação e saúde, especialmente a reprodutiva, implementar leis que proíbam a discriminação de gênero, e aumentar os microcréditos. O documento “foi adotado com um espírito de colaboração e cooperação entre todas as delegações”, disse Ali. “O Ecosoc enviou uma clara mensagem de que a igualdade de gênero e a promoção da mulher são o centro do desenvolvimento”, acrescentou.

Um dos assuntos mais discutidos na semana foi o das consequências negativas que as crises econômico-financeira e alimentar têm sobre as mulheres. “Reconhecemos que elas são afetadas de forma desproporcional por muitas crises e muitos desafios, mas que também podem ser líderes, inclusive nos processos de decisão”, diz a declaração. Outro tema importante na discussão foi a relação entre a capacitação da mulher e as possibilidades de alcançar os ODM, quando faltam poucos meses para a 65ª Assembleia Geral, que avaliará os progressos nesse campo.

Os oito ODM em as metas de reduzir pela metade a proporção de pessoas que vivem na indigência e sofrem fome, conseguir educação primária universal, promover a igualdade de gênero, reduzir a mortalidade infantil em dois terços e a materna em três quartos, lutar contra a expansão do HIV, causador da aids, a malária e outras doenças, assegurar a sustentabilidade ambiental, e gerar uma sociedade global para o desenvolvimento entre o Norte e o Sul.

A declaração chamou a atenção sobre a “desigualdade” nos progressos, especialmente em relação à igualdade de gênero, melhoria da saúde materna e combate ao HIV/aids, malária e outras enfermidades. “Cumprir este objetivo é fundamental para alcançar os ODM”, diz o documento. “A igualdade de gênero é essencial para os ODM”, concorda Ali.

A adoção da declaração ministerial foi vista por muitos como um fato louvável, que permite prever sucesso para a reunião de setembro. Porém, muitas organizações de mulheres, que lutaram pela criação da nova entidade, criticaram que o processo de escolha de autoridades não foi justo nem transparente e que os Estados-membros se referiram vagamente à questão do financiamento.

Hannah Rubenstein, da IPS
Envolverde,05/07/10
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