segunda-feira, 12 de julho de 2010

Bilionários pelo meio ambiente

“Bill, Melinda e Warren, o que lhes parece convencer seus amigos a investirem na produtividade verde?”, pergunta a economista Hazel Henderson neste artigo exclusivo.
Imagem Fabrício Vanden Broeck

Aplaudo Bill e Melinda Gates e o financista Warren Buffett por desafiarem outros multimilionários a doarem, durante suas vidas, a metade ou mais de suas enormes fortunas a obras de caridade. Em maio de 2009, eles propuseram a David Rockefeller ser o anfitrião de um primeiro jantar secreto com George Soros, Ted Turner, Oprah Winfrey, Michael Bloomberg, David Rockefeller Jr. e outros bilionários, no qual lançaram a campanha.

O casamento Gates e Buffet já está no caminho correto, pois dirigem suas doações para a África e países em desenvolvimento de outros continentes, bem como a educação. E eles podem convencer seus amigos ricos a irem além de financiar luxuosos pavilhões com seus nomes em universidades da elite. Esse tipo de filantropia está fora de moda.

Também está fora de moda a expansão subsidiada de empresas vinculadas a combustíveis fósseis, do carvão ao petróleo, passando pelas petroquímicas, o aço ou a indústria automotiva devoradora de gasolina, até a agricultura em escala industrial e as grandes companhias farmacêuticas. Bill Gates poderia se desligar do American Energy Innovation Council, que pressiona o Congresso dos Estados Unidos para obter US$ 16 milhões em subsídios à pesquisa com “carvão limpo”.

O melhor que os filantropos podem fazer é unir suas forças a grupos progressistas, para acelerar a transição para uma Era Solar que aplique modelos de desenvolvimento humano baseados na potencialidade e produtividade dos sistemas naturais que, há milhares de milhões de anos, a natureza nos oferece. A Iniciativa por uma Economia Verde, de várias agências da Organização das Nações Unidas, está sintonizada com os programas da Fundação Gates, bem como com a iniciativa Economia dos Ecossistemas e a Biodiversidade, o instituto Zeri, fundado pelo empresário Gunter Pauli, autor do livro “The Blue Economy”, e o Biomimicry Institute, de Janine Benyus.

Como conseguir os investimentos necessários para impulsionar esta grande transição para a Era Solar? Bill e Melinda Gates podem conduzir seus pares para as tecnologias inovadoras, que só esperam recursos para concretizar essa transição.

Eles podem unir-se à Rede para os Mercados Financeiros Sustentáveis e com líderes em finanças que estão preparando o terreno, com os Princípios para o Investimento Responsável da ONU (com US$ 20 bilhões em ativos), a Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a Certificadora de Padrões Ambientais Ceres (com US$ 3 bilhões), e o Institutional Investors Group on Climate Change (com US$ 8 bilhões).

Desde janeiro de 2007, foram investidos ou comprometidos US$ 1,248 bilhão em negócios de eficiência energética, agricultura sustentável e energias limpas, bem como em outras tecnologias que estão deslocando as antigas empresas contaminadoras e os financistas do passado. Este fascinante progresso costuma ser ignorado pelos principais meios de comunicação, ainda mantidos pela publicidade dos setores fossilizados da sociedade.

A Ethical Markets Media (http://www.ethicalmarkets.com) dedica-se a promover a reforma dos mercados mundiais e o crescimento da economia verde. Publicamos informes diários sobre novas tecnologias, investimentos, empreendimentos e companhias que lideram o caminho para a transição verde (http://www.greentransitionscoreboard.com). Usamos o modelo Climate Solutions 2, da firma com sede na Austrália Climate Risk Pty, para mostrar que é possível garantir a transição verde investindo US$ 1 bilhão por ano em todo o mundo, especialmente nos países em desenvolvimento, até 2020.

São US$ 10 bilhões em dez anos, menos da metade dos US$ 23 bilhões empregados para resgatar o setor financeiro e automobilístico dos Estados Unidos, em bancarrota, pagos pelos contribuintes. Esses US$ 10 bilhões representam menos de 10% dos valores manejados por investidores institucionais, fundos de pensão e fundações de caridade do mundo, estimados em US$ 120 bilhões.

Assim, Bill, Melinda e Warren, o que lhes parece convencer seus amigos a investirem na produtividade verde e os ajudar a modernizar seus velhos portfolios?

Assim poderão treinar seus administradores e consultores em novas formas de avaliar ativos, considerando os fatores ambientais, sociais e de governabilidade, que permitem monitorar com certeza a produtividade verde. A visão de Bill e Melinda Gates já fez a grande transição para o verdadeiro desenvolvimento humano. Eles e Buffett podem nos ajudar a chegar a um novo cenário mundial, que supere a obsoleta noção do produto interno bruto.


Hazel Henderson
Economista norte-americana, autora de Ethical Markets: Growing the Green Economy (2007) e coautora dos indicadores de qualidade de vida Calvert-Henderson (http://www.Calvert-Henderson.com). Direitos exclusivos IPS.
Envolverde, 05/07/10
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