Um mundo sem limites para o mercado de patrocínios
Os principais palestrantes da 27ª Conferência Anual de Patrocínios apontaram tendências, mostraram exemplos e cases no segundo dia de atividades. A Conferência é definitivamente uma imersão nos temas de patrocínios e proporciona uma diversidade de formas de aprendizado, trabalho e debates.
Este ano a organização do evento incluiu mais uma atividade: uma corrida pelas ruas de Chicago às 6 da manhã, com a supervisão de um treinador. Não se trata da Maratona que aconteceu no último domingo na cidade nem da outra maratona de trabalho proposta pela agenda do evento. É, na verdade, uma atividade a mais na correria de compromissos que vai até a noite. Claro, a nova atividade tem alguns (poucos) voluntários.
Após a corrida, o trabalho recomeça no café da manhã servido nos salões do hotel. A ideia é conhecer, conversar, trocar - fazer "networking", com direito a alimentação. Os 1100 participantes compartilham mesas e fazem seus contatos. Há, por exemplo, representantes de museus, orquestras, times, festivais, estádios, teatros e de muitas agências, além de fornecedores de materiais promocionais e, claro, os desejados patrocinadores. Mas há certa liturgia que deve ser seguida. Nada de abordar e monopolizar um possível patrocinador. Seria, como recomenda a organização do evento, um bom modo de perdê-lo.
Em seguida ao café, os participantes escolhem duas entre 16 mesas redondas, dependendo de seu interesse. Formas de criar, desenvolver, comercializar, realizar, ativar e principalmente medir resultados são discutidas. Essa tem sido a tônica dos últimos anos na Conferência: patrocinar sim; ativar e medir resultados, sempre. Durante o dia, mais uma série de atividades são escolhidas entre opções de apresentações, workshops, palestras, inclusive durante o almoço.
O destaque da segunda-feira 22 foi a palestra de Lesa Ulkman, Presidente da IEG, que, como todos os anos, resume e esclarece o tema da Conferência, além de apontar as últimas tendências do mercado de patrocínios. Para ilustrar o tema "Unbound" e provar que os papéis dos diversos atores do setor estão ilimitados, sem fronteiras, Lesa apontou os fatos que convergem uma quantidade significativa de novos movimentos para uma mesma direção.
Os exemplos são magníficos e significativos de um novo tempo para as comunicações institucionais de empresas e marcas, de comportamentos de comunidades e governos, de transformações de mídias e relacionamentos. Novas formas de vida e de movimentação que demandam a toda hora um novo vocabulário para defini-los e entendê-los.
Consumidores? Esqueça-os. No mundo sem fronteiras eles são seres criadores de conteúdos em blogs, sites, facebooks, twitters, são novas mídias (!). São criadores de causas e casos. Influenciam, votam, promovem.
Patrocinadores? Não estão mais atrás de uma mesa esperando uma proposta, um projeto para ganhar exposição de sua marca, apenas assinando um cheque. Querem parceiros e criativos que tragam conteúdo para suas próprias mídias, em festivais próprios, em locais de entretenimento que levem seu nome, em sites que gerem multiplicação de relacionamentos. Algo que possa ser seu e ao mesmo tempo comunitário. Marcas querem oportunidades para divulgar seus valores em formas interativas e relevantes.
As agências, os eventos, os projetos devem mudar o foco, como já vêm fazendo. Conquistar fãs em vez de se limitar aos tradicionais retornos de exposição de marca. Mobilizar uma comunidade além de criar espaços para banners e merchandising.
A mídia que tradicionalmente é pensada para a divulgação dos eventos mudou radicalmente. Mais que uma forma de divulgar um produto, a velha mídia serve para marcar encontros em outras mídias, mobilizar, criar movimentos, divulgar causas.
Lesa mostrou ainda um quadro bem interessante e significativo, um glossário dos novos tempos e dos velhos tempos. Um mundo com fronteiras e sem fronteiras:
Com fronteiras | Sem Fronteiras
Consumidores | Colaboradores
Impressões | Expressões
Campanhas | Movimentos
Alcance | Recompensa
Comprar | Conseguir
Patrocinador | Curador
As tendências dos patrocínios acompanham os rumos das sociedades contemporâneas. Marcas, corporações, comunidades, relacionamentos, profissionais vivem tempos de novos significados, novos conteúdos, novos relacionamentos. Um tempo em que marcas e produtos são muito similares como bens e almejam ser únicos nas atitudes. Um mundo em que ter cuidado com o ambiente pode ser mais significativo do que cobrar um preço menor. Onde consumidores inventam seus produtos antes mesmo que eles sejam oferecidos. Um grande território de interações e fronteiras inexistentes.
Para saber mais sobre a conferência, clique aqui.
Ayrton Martini, de Chicago
Diretor de criação e novos negócios da Divina Comédia - Agência de Comunicação e Marketing para as Artes e Entretenimento.
Meio & Mensagem Online, 23/03/10
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