segunda-feira, 7 de abril de 2008

Investimentos de R$ 16 bi em projetos

O total de recursos investidos em projetos de infra-estrutura no Brasil chegou a R$ 16,23 bilhões no ano passado, um recorde histórico e mais do que o triplo dos R$ 4,58 bilhões de 2006, segundo a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento). No início deste ano já há outros mais de R$ 55 bilhões em projetos no forno, segundo levantamento do Valor. Mesmo que só metade dos investimentos previstos se concretize, 2008 promete bater novo recorde no setor.


"A estabilidade política, econômica e social do Brasil atrai cada vez mais investimentos de longo prazo, necessários para o setor de infra-estrutura", diz Bernardo Parnes, diretor-geral do Bradesco Banco de Investimento (BBI), primeiro colocado no ranking da Anbid de assessor financeiro das estruturas de "project finance" de 2007. O banco de investimento saiu na frente também no ranking de líder ("arranger") dos financiamentos, enquanto o banco comercial Bradesco foi o maior emprestador. "O dinheiro disponível para projetos cresceu em 2007 e o país vinha com falta de investimentos de base há tempos", continua Parnes. "Juntou a fome com a vontade de comer", brinca ele.

"A carência de infra-estrutura no país ainda é grande e muitos projetos estão para sair neste ano e nos próximos", concorda Carlos Mellis, superintendente de project finance do Unibanco, o primeiro colocado nos rankings de assessor financeiro e de "arranger" por número de operações. O Unibanco também divide com o Bradesco a primeira posição no ranking de emprestador por número de projetos.

"O Brasil passou a crescer mais e a requerer mais investimento de base", afirma Isacson Casiuch, diretor-executivo do Banco Brascan e coordenador da subcomissão de financiamento de projetos da Anbid. Foi esse mesmo crescimento que estimulou o setor privado a tirar projetos da gaveta. A grande disponibilidade de recursos externos para investimento tanto em dívida quanto em capital nos mais diferentes projetos também ajudou a ampliar o volume de investimentos, lembra Casiuch. O risco-Brasil foi a recordes de baixa histórica no ano passado - chegando a 138 pontos básicos no dia 18 de junho, seu menor nível. Os custos de captação até então, quando a crise das hipotecas americanas ainda não havia contaminado outros mercados, atingiu seu menor patamar para o Brasil.

Agora, o dinheiro tanto para capital quanto para dívida está mais caro e raro. "Isso poderá reduzir o interesse de participantes nos projetos que o governo e a iniciativa privada têm colocado à mesa", diz Mellis. Casiuch concorda. Segundo ele, no entanto, o impacto do crédito mais caro nos projetos de longo prazo é menor. "Alguns projetos poderão sofrer atraso, mas o contágio maior da crise americana no Brasil se dará em 2009", avalia. Parnes lembra que as agências de crédito à exportação e organismos multilaterais vão manter seu crédito de longo prazo a custos competitivos, sem falar da importância crescente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Dos 36 projetos realizados em 2007, a maior parte - 23- foram no setor de energia. Inúmeras pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) pipocaram em todo o país, além de centrais de energia eólica. Há ainda usinas maiores, como a de Foz do Chapecó, com investimentos de R$ 2,2 bilhões, o quinto dos 20 projetos de hidrelétrica do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) com recursos aprovados pelo BNDES.

Houve ainda três projetos na área de agronegócio, todos de açúcar e álcool: Tropical Bioenergia, Usina Ouroeste Açúcar e Álcool e Usina Camen.

O setor de petróleo e gás também teve destaque, com seis projetos. Cerca de R$ 6 bilhões foram investidos em plataformas de perfuração de petróleo que serão alugadas pela Petrobras. Os recursos vieram em sua maior parte de bancos estrangeiros.

As estruturas de "project finance" pressupõem uma empresa de propósito específico com capital e dívida próprios. Os sócios-controladores da empresa e os credores são remunerados de acordo com o fluxo de caixa do projeto. Segundo a Anbid, o volume de dívida para os projetos passou de R$ 3,165 bilhões em 2006 para R$ 11,763 bilhões em 2007.

Outro levantamento da Anbid que considera as concessões mostra que o total de recursos investidos caiu 61,4% na comparação com 2006, ficando em R$ 2,724 bilhões no ano passado. Houve uma mudança de metodologia nesse ranking, que dificulta comparações. Mas, parte do movimento fraco se explica pelo volume menor de Parcerias Público Privadas.

Cristiane Perini Lucchesi, de São Paulo
Publicado pelo Valor Onine em 07/04/08


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