sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Maringá terá aterro "lixo zero"

Sabrina Domingos
Publicado pela
Envolverde em 04/10/07

A cidade de Maringá (PR) será a primeira no Brasil a utilizar uma tecnologia que promete eliminar os resíduos sólidos urbanos. Com a proposta de “lixo zero”, o Consórcio Biopuster utiliza um processo biológico que trata os dejetos por meio da injeção de ar comprimido rico em oxigênio nos depósitos de resíduos, estimulando a ação das bactérias responsáveis pela decomposição. Como resultado, encontra-se uma melhor destinação final para os resíduos e reduz-se os custos de operação. O projeto piloto, que já está em fase de instalação, será testado por seis meses. Mas a Prefeitura de Maringá já assinou um Termo de Cooperação Técnica para a contratação definitiva (concessão por 20 anos) caso os resultados sejam satisfatórios.

O advogado Rodrigo Franco, da empresa Carbon Market, que presta consultoria na área, explica que o processo já é utilizado com sucesso na Europa e que sua maior vantagem é permitir o desmonte completo do aterro, uma vez que aproveita todos os tipos de resíduos.

Ao chegar no aterro, o lixo é selecionado: resíduos domiciliares e industriais, além de madeiras usadas ou de demolição, troncos, raízes e galhos podem ser processados por um triturador de reduzida poluição sonora e baixo desgaste do mecanismo de trituração. Os materiais recicláveis, como plásticos, vidros, alumínios e papéis também são separados. Produtos mais volumosos como colchões e carpets são tratados separadamente e transformados em resíduos de pequenas dimensões. O triturador permite a transformação dos detritos em partes orgânicas para futuro tratamento.

Franco ressalta que a tecnologia da Biopuster tem a vantagem de não produzir biogás como produto final. “Depois do tratamento com ar comprimido, ocorre a sucção dessa transformação da atmosfera anaeróbica em aeróbica e a biofiltragem de todos os efluentes gasosos com a mudança da matéria orgânica para biofertilizantes (compostagem) e separação de recicláveis”. E, como esse tratamento é realizado diariamente, o processo gera um mínimo de resíduos finais. Ainda assim, o material restante não possui bactérias e não causa danos para o meio ambiente, já que o processo passa por uma descontaminação do lixo.

A intenção é conseguir uma destinação até mesmo para esses rejeitos que são aterrados. A viabilidade de utilização desse resíduo final no co-processamento da indústria de cimento ou na alimentação de altos fornos no setor, no setor de metalurgia, por exemplo, está sendo avaliada, afirma Franco.

Com uma área de 240 mil metros quadrados, o aterro de Maringá receberá diariamente cerca de 300 toneladas de resíduos. Os custos de implantação do novo processo de tratamento, cerca de 2,7 milhões de euros, deverão ser compensados com as receitas provenientes dos recicláveis, dos compostos orgânicos e dos créditos de carbono (já que o projeto pode ser inscrito nos Mecansimos de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto).

A tecnologia da Biopuster leva de 60 a 90 dias para degradar os resíduos sólidos, transformando as matérias orgânicas em húmus. Logo, considerando uma operação de suprimento contínuo de resíduos durante seis meses, os produtos (húmus e recicláveis) do último suprimento estarão disponíveis 90 dias após o início do processo.
(Envolverde/Carbono Brasil)

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