sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Seguradoras apostam em apólices para baixa renda

Altamiro Silva Júnior
Publicado pelo
Valor Online em 14/09/07

O novo titular da Superintendência de Seguros Privados, Armando Vergilio: "Não é possível fazer o mercado crescer sem aumentar a base de consumidores"
Foto Silvia Costanti / Valor

Depois do microcrédito, das microtransferências e das microfinanças, a palavra da moda agora é o microsseguro. Ao contrário das apólices tradicionais, estas novas são voltadas especificamente para a baixa renda e devem ajudar o setor a dobrar de tamanho no país nos próximos quatro anos. Armando Vergilio, o novo comandante da Superintendência de Seguros Privados (Susep) tem como meta aumentar a participação do setor de seguros em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) dos atuais 3% para 6% até 2011. Para isso, o microsseguro está entre as três prioridades do novo presidente, que inclui ainda a regulamentação do mercado de resseguro e a implementação das novas regras de solvência dentro do modelo de supervisão baseada em risco.

O microsseguro tem um mercado potencial de 100 milhões de pessoas no país, que estão na base da pirâmide de renda. São pessoas das classes C, D e E que possuem renda total de US$ 170 bilhões. Os principais produtos seriam o seguro patrimonial (roubo, propriedades rurais, incêndios), de pessoas (incluindo apólices que protegem contra inadimplência em empréstimos e prestações, além de gastos com educação e até funerais). "É um forma de trazer novos consumidores para o setor", afirma Vergilio. "Não é possível fazer o mercado crescer sem aumentar a base de consumidores", conclui.

Segundo Antonio Cassio dos Santos, presidente da Mapfre e da FenaPrevi (a federação das empresas de previdência), para distribuir as microapólices, serão precisos novos canais, diferentes dos tradicionais existentes hoje para as rendas mais altas. Cooperativas e redes varejistas (de material de construção, roupas e eletrodomésticos) são os locais ideais. Além disso, ele prevê o aparecimento de microcorretores de seguros.

Segundo estimativas do setor, 93,2% das pessoas dessas faixas de renda na América Latina não têm apólice de seguro. O novo tipo de seguro também tem apoio em Brasília. "O governo tem todo o interesse no desenvolvimento do microsseguro", afirma o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Vergilio, da Susep, prometeu ser ágil para regulamentar o novo tipo de produto.

Ainda dentro do microsseguro, o Brasil foi convidado pela IAIS (a entidade que reúne 180 reguladores mundiais do setor de seguros) para presidir a comissão que vai discutir as perspectivas mundiais para este novo tipo de apólice. Esta comissão tem representantes dos Estados Unidos, Alemanha e França. Em 2009, a reunião mundial da IAIS será no Brasil. Recentemente, técnicos da Susep foram para a Índia estudar o mercado de microsseguros lá, que está em estágio maior de desenvolvimento.

Vergilio promete colocar no início de outubro as novas regras para o mercado de resseguros em audiência pública. A lei final deve ficar pronta no início de dezembro, para vigorar a partir de janeiro. Segundo ele, 80 novas empresas ligadas ao resseguro devem começar a operar no país. Comenta-se que 15 resseguradoras só aguardam as novas regras para operar aqui.

O novo superintendente da Susep se diz preocupado com as novas funções da autarquia, que a partir de janeiro terá que fiscalizar e supervisionar também o mercado ressegurador, antes função do IRB Brasil Re, estatal que tinha o monopólio do mercado. Segundo ele, será preciso reforçar o quadro de funcionários da autarquia.

Já para as regras de solvência, que vão exigir maior capital das empresas na medida em que assumem maior risco, Vergilio mantém a data de 1 de janeiro para o início da vigência, mas admite mudar o prazo final para adequação, que seriam três anos e até os percentuais. Algumas seguradoras argumentam que vão precisar de muitos recursos para se adequarem em um prazo muito pequeno.

"Vamos nos reunir e se elas conseguirem nos convencer, vamos mudar", afirma. Na Susep, Vergilio prometeu atuação "firme, imparcial e equilibrada". Ele fez ontem seu primeiro pronunciamento público à frente da Susep no IV Conseguro (congresso de seguros, resseguros, capitalização e previdencia.

O jornalista viajou a convite do IV Conseguro


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