domingo, 22 de julho de 2007

Usuários publicam cada vez mais na Web e começam a mudar padrões informativos

Carlos Castilho
Publicado pelo
Observatório da Imprensa em 14/7/2007

O que antes era um exercício de imaginação de gurus e futurólogos da Web começa agora ganhar uma base real em números. Os últimos dados sobre o fenômeno UGC (User Generated Content – Conteúdo Produzido por Usuários) revelam que 136,5 milhões de pessoas em todo o mundo devem publicar, em 2007, textos, gravações, filmes ou fotos na Web.

No ano passado, a participação total de usuários era de 118 milhões e as projeções indicam que se este ritmo de crescimento for mantido, em 2011, já serão mais de 238 milhões de pessoas usando a Web como ferramenta para divulgação de conteúdos informativos produzidos por elas mesmas.

O número dos criadores online é 10% menor do que os usuários que só consomem conteúdos produzidos por amadores ou pessoas comuns. O total de internautas que apenas visitam sites de criadores online foi estimado em 147,5 milhões em 2007, com uma projeção de 253,6 milhões dentro de quatro anos.

Os números consolidam a tendência de aumento da participação dos usuários em todos os segmentos da Web, o que assinala um fenômeno capaz de mudar significativamente vários conceitos, rotinas e valores da comunicação contemporânea.

Os números recolhidos pela eMarketer, uma empresa norte-americana de pesquisas de mercado com muitos negócios na área de marketing, podem estar muito influenciados pelo chamado “wishfull thinking” (desejo de que algo aconteça). Também não se sabe até que ponto a pesquisa foi sugerida por algum cliente.

Mas mesmo que tudo isto seja verdadeiro, os dados mostram uma tendência irreversível à consolidação da Web 2.0 , cuja principal característica é a participação dos internautas na produção de conteúdos.

Metade, tanto dos que vêem como dos que produzem material produzido por pessoas comuns, vive nos Estados Unidos e a esmagadora maioria dos textos, fotos, desenhos, áudios e vídeos publicados na Web por pessoas comuns é formada por confidências, fofocas, fotos e vídeos de animais de estimação e de amigos.

Não há dados confiáveis sobre qual o percentual de usuários que publicam informações de interesse público na Web. O site Technorati, que monitora os weblogs na Internet chegou a estimar, há dois anos, em mais ou menos 15 milhões o total de páginas pessoais no mundo inteiro que publicam conteúdos que podem ser considerados informativos.

Os sites mais famosos e mais visitados no universo da Web 2.0 são o YouTube (publicação de vídeos amadores), o Flickr (fotos), MySpace e FaceBook (comunidades), usam conteúdos produzidos por amadores para atrair milhões de visitantes e com isto chegar a um faturamento global previsto para um bilhão de dólares até dezembro. A mesma eMarketer antecipa uma receita publicitária de US$ 4,3 bilhões em 2011.

É muito dinheiro com o trabalho dos outros. Mas não deixa de ser uma vitrine importantíssima, e além de tudo grátis, para quem deseja visibilidade por motivos profissionais ou simplesmente por egolatria.

O certo é que não dá mais para ocultar o fato de que a participação do público no processo da comunicação está ganhando dimensões inéditas na história da humanidade.

Estamos assistindo o início do fim de um sistema e a emergência de outro, o que vai implicar um período confusão e incerteza, como acontece em toda grande transição econômica e social.

Aos jornalistas e comunicadores caberá um papel crucial neste processo. Em vez de defender a velha ordem, eles podem usar seus conhecimentos e experiência para atuar como orientadores, treinadores ou consultores dos novos atores na arena informativa. O primeiro desafio seria desarmar os preconceitos mútuos entre profissionais e amadores em matéria de publicação de conteúdos online.


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