quarta-feira, 6 de junho de 2007

Grifes apostam em tecidos orgânicos

Vanessa Barone
Publicado no Valor Online em 06/06/2007

Não basta que a roupa seja bonita. Ela tem que "participar". Essa máxima adaptada define os lançamentos das grifes cariocas Cantão e Redley para a temporada primavera-verão 2007/2008. As duas grifes são as primeiras a colocar no mercado roupas com o selo Natural Organic World (NOW). Concedido pela brasileira Coexis e inspecionado pela Associação de Certificação Instituto Biodinâmico (IBD), o selo atesta produtos 100% orgânicos e que não geram resíduos poluentes na sua fabricação. As peças, feitas de jeans e sarja orgânicos, estão sendo lançadas no Fashion Rio - que acontece até sexta-feira na Marina da Glória, no Rio de Janeiro - e chegam ao mercado em meados de setembro.

A iniciativa das grifes cariocas vai ao encontro do que parece ser a tendência do momento. A americana Levi's lançou recentemente a linha Revolution, feita com Organic Jeans, tecido 100% natural, cultivado sem utilização de produtos químicos. A brasileira de moda esportiva Body for Sure apresentou em sua coleção de inverno camisetas e regatas feitas com a malha Organic, da malharia catarinense Menegotti, que mistura algodão tradicional com orgânico.

O selo NOW, dados às roupas da Cantão e da Redley, faz parte de um projeto iniciado há dois anos pela Coexis, empresa que trabalha com pesquisa e desenvolvimento de produtos socialmente responsáveis. A companhia adota a agricultura orgânica familiar como base de sustentação da produção de matérias-primas de origem vegetal, cultivadas e colhidas à mão por dezenas de pequenos proprietários rurais, sem a aplicação de produtos químicos ou agrotóxicos na lavoura. Todo o ciclo produtivo, do plantio à distribuição, é inspecionado e certificado pela Associação de Certificação Instituto Biodinâmico (IBD).

O encontro entre a Coexis e as grifes cariocas se deu pela YD, empresa de confecção do mesmo grupo da Coexis e que fornecia roupas para a Cantão e a Redley. As duas marcas são varejistas, e não fabricantes. "Apaixonamos-nos pelo projeto", diz Thomas Simon, diretor das grifes, que têm um único dono. Dentro das duas marcas, a consciência ecológica já era uma premissa. "Desde 1985, promovemos caminhadas com os nossos funcionários para limpar as praias, por exemplo", conta.

Nesse primeiro momento, a produção de peças ainda é pequena e cara. O algodão orgânico chega a custar cerca de 30% mais do que a fibra tradicional. Outro fator que encarece a produção dos tecidos que levam o selo NOW é o processo de tingimento, feito com ativos biodegradáveis e não poluentes. "Se mais empresas se interessarem pelo produto, a escala aumenta e a produção barateia", diz Simon. Mesmo assim, o investimento vale a pena. "O cliente gosta de saber que está fazendo algo pelo meio ambiente." Para a próxima coleção de inverno, Simon quer lançar tênis da grife Redley de lona orgânica. A Redley tem 24 lojas (entre franquias e próprias) e é distribuída para 400 multimarcas no Brasil. A Cantão tem 35 lojas e é vendida também em 650 pontos-de-venda multimarcas.

Segundo Jorge Yammine, sócio-diretor da Coexis e um dos proprietários da YD, o objetivo da empresa é oferecer um produto sócio-ambiental que seja competitivo e viável economicamente. "A cultura de algodão é uma das que mais poluem." Por enquanto, apenas 5% da produção de roupas da YD usa algodão orgânico - mas a aposta é que esse percentual cresça ao longo do tempo. Os primeiros produtos do selo NOW, fabricados pela YD e lançados com as grifes Cantão e Redley, consumiram dois anos de trabalho. "Mas montamos uma cadeia produtiva da matéria-prima à confecção", diz Yammine.


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