domingo, 17 de junho de 2007

De cara nova, Serpro reforçará Linux

André Borges e Arnaldo Galvão
Publicado pelo Valor Online em 15/06/07


As iniciativas do governo federal em torno dos sistemas de código aberto, o chamado software livre, devem ganhar um novo ritmo daqui para frente. É o que promete o gaúcho Marcos Vinícius Ferreira Mazoni, que no dia 4 tomou posse da presidência do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).

Mazoni, de 46 anos de idade, chega à liderança do Serpro depois de comandar por três anos a empresa estadual de informática do Paraná (Celepar). Traz no currículo passagens pela Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul (Procergs), pela Companhia Riograndense de Telecomunicações e pela Procempa, de Porto Alegre.

Especialista em software livre, Mazoni não chega sozinho ao Serpro. Ontem foram publicadas no Diário Oficial da União as nomeações de três diretores: Gilberto Paganotto assumirá como diretor-superintendente; Nivaldo Venâncio da Cunha e Antonio Sérgio Borba Cangiano ocuparão duas das quatro diretorias. Cangiano foi reconduzido ao cargo.

Paganotto e Cunha são indicações do novo presidente do Serpro. Os três trabalharam na Celepar e são ligados à ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Na Celepar, Paganotto foi diretor de desenvolvimento e Cunha era diretor de operações.

Com as mudanças, sai da liderança do Serpro Wagner Quirici, que era indicação do ex-ministro Antonio Palocci. Também deixa uma das diretorias da entidade Sérgio Rosa, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e um dos mais atuantes na esfera do software livre. "Foram quatro anos sem férias. Agora vou descansar um pouco", diz Rosa. "Sou contra renovação de contrato e acho que já fiz meu trabalho no Serpro."

Por onde passou, Marcos Mazoni é conhecido pelos projetos de sistemas abertos. Em 2000, ele foi coordenador do I Fórum Internacional de Software Livre, realizado em Porto Alegre. Na gestão da Celepar, promoveu eventos como o Circuito Paranaense de Software Livre e a Conferência Latino-Americana de Software Livre.

Recém-chegado ao Serpro, Mazoni opta pelo discurso discreto. "Seremos uma administração de continuidade; as coisas vão bem no Serpro", diz. "Mas vamos incrementar o uso de software livre."

Uma das primeiras ações da empresa pública, diz ele, será a de tentar convencer os órgãos do governo federal a migrar todos os sistemas de correio eletrônico para os programas de código aberto. O Serpro também quer levar o sistema operacional Linux, o mais popular software aberto, para os computadores de mesa usados pelo governo. Hoje, esses sistemas são usados principalmente em máquinas de grande porte, os servidores. "Daremos a liberdade de escolha ao usuário, algo que ainda não acontece em muitos casos."

A aproximação do Serpro com empresas estaduais de tecnologia - como Prodesp, Procergs e Celepar - é outra prioridade. "Não competiremos com os Estados. Vamos buscar formas de cooperação", diz Mazoni. Ele cita o caso do Controle Integrado Administrativo e Financeiro (Ciaf), desenvolvido pelo Serpro e usado por vários Estados para controle de despesas.

Controlado pelo Ministério da Fazenda, o Serpro tem um faturamento anual de R$ 1,5 bilhão. Dois terços desse montante vêm de serviços prestados à Receita Federal, como os sistemas do Imposto de Renda e o CPF eletrônico. Outros clientes de porte são o Tesouro Nacional e o Ministério do Planejamento. Em todo o país, são 9,8 mil funcionários, dos quais 2 mil estão ligados exclusivamente à Receita.

Pelo porte dos contratos que gerencia, não são raras as ocasiões em que o Serpro provoca incômodo nas empresas privadas, que o acusam de assumir projetos que o governo poderia colocar no mercado. "Não entramos em projetos que inibem o conhecimento e as empresas", rebate Mazoni. "O que apoiamos é o desenvolvimento de sistemas, e não simples revendas de softwares."


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