quarta-feira, 10 de novembro de 2010

30º Congresso Internacional de Recursos tem recorde de participação

Na foto: Lucimara Letelier, Michel Freller, Renata Truzzi, Walter Toffstedt e Marina Barros integraram a delegação brasileira no IFC

A edição 2010 do International Fundraising Congress, realizada na Holanda, teve 955 participantes – 7 brasileiros. Pela primeira vez, o país também teve uma palestrante entre os conferencistas: Lucimara Letelier, que abordou os desafios das organizações sem fins lucrativos para atrair novos doadores. Aqui, eles fazem um balanço do evento.


Renata Truzzi, coordenadora de mobilização e comunicação da Associação Amigos do Projeto Guri, que participou pela primeira vez do encontro anual do IFC, diz que suas expectativas foram atendidas. “A rede de relacionamento criada possibilitou a troca de experiências com pessoas que, muitas vezes, estão à nossa frente por atuarem em países com o terceiro setor mais desenvolvido”, diz. “Por outro lado, identifiquei grandes forças do Brasil. Temos muito a ensinar sobre captação de recursos de pessoas jurídicas. Sob esse aspecto estamos à frente. Sabemos muito sobre tudo o que envolve o relacionamento com empresas e campanhas de marketing relacionado a causas. Assisti a uma palestra sobre esse tema e posso dizer que no Brasil fazemos melhor.”

Apesar de o número de brasileiros presentes também ter sido recorde, ela considera que a delegação poderia ser maior. “Esse é um dos exemplos que eu identifiquei como uma de nossas fortalezas. Poderíamos ter contribuído mais. Por outro lado, eles estão muito avançados no que se refere à captação de pessoas físicas e ao comprometimento da sociedade. Talvez também porque alguns países ofereçam mais benefícios ao doador do que acontece aqui.”

Renata pondera que as organizações da sociedade civil brasileira vêm se profissionalizando nesse abordagem há pouco tempo. “As que estão melhores nesse aspecto no país são as internacionais, porque adotam os modelos trazidos de fora. O evento permitiu perceber que também estamos fazendo muita coisa correta, além de ter sido bom para arejar as ideias. Vou organizar o aprendizado extraído da experiência e apresentar para as minhas equipes de comunicação e de captação de recursos. Faremos um braimstorm com as ideias chaves do congresso para pensar o planejamento de 2011.”

Michel Freller, diretor da ABCR (Associação Brasileira de Captadores de Recursos) e também da consultoria Criando, também avalia como positiva a participação no evento do IFC. E coincide com as observações de Renata Truzzi. “O Congresso foi muito bom e bem organizado. Houve bastante foco na captação de recursos da pessoa física. Então, a pergunta que se coloca é se eles não têm expertise na captação de recursos da pessoa jurídica ou se nós, brasileiros, sabemos mais sobre o tema.”

Ele também voltou impressionado com o conhecimento dos europeus sobre a relação com doadores individuais. “Essa é uma tendência mundial. No Brasil, cada vez mais existem organizações do terceiro setor mobilizando recursos da pessoa física. As organizações estão se preparando para isso, mas ainda estamos longe do ideal. Não temos, por exemplo, um software específico em português. E a captação de recursos da pessoa física demanda mais planejamento estratégico.”

Palestra brasileira
Este ano, pela primeira vez, o Brasil contou com um dos palestrantes do evento. Lucimara Letelier, Diretora do Management Center Brasil, abordou justamente a captação de recursos de pessoas físicas. Ela já havia participado, como ouvinte, de duas edições do Congresso: em 2006 e em 2008.

Para Lucimara, o convite para ser palestrante deriva de diversos fatores que demonstram o interesse do mundo em conhecer o mercado de captação brasileiro, ao mesmo tempo em que nivela os profissionais da área no País com os que atuam em outros países. “Com a crise internacional e o avanço econômico dos BRICS, países como o Brasil passam a ter uma importância imensa no financiamento do setor social tanto localmente como globalmente”, afirma. “E é esta uma das alavancas para que a captação de recursos profissionalizada avance cada vez mais em nosso país, com profissionais reconhecidos aqui e lá fora. Esse reconhecimento de que gestores sociais que captam recursos no Brasil dominam as metodologias e técnicas necessárias para um bom desempenho em arrecadação de recursos é recente, mas resulta de um intenso intercâmbio entre os profissionais brasileiros com os de outros países nos últimos anos. Isso acontece por meio da presença das ONGs internacionais que captam por aqui e também pelos congressos de captação de recursos e associações de profissionais de captação que regulamentam o setor e estimulam o intercâmbio internacional.”

De acordo com ela, outra fator a ser observado é que muitos países se interessam por iniciativas realizadas por outras nações como benchmarking para suas próprias ações, pois em um mercado mais saturado começam a ter dificuldade para serem criativos e inovar. “Por isso, hoje as ações de captação no Brasil podem se tornar benchmarking para outros países, assim como nós utilizamos por muito tempo a Europa e os Estados Unidos - e agora a Ásia - como referências de benchmarking para propormos inovações e encontrar melhor retorno a menor custo.”

Em sua palestra, Lucimara apresentou experiências de parcerias empresariais bem-sucedidas com Ongs que renderam montantes expressivos de captação de recursos e casos de marketing de causa, como o do Graac em parceria com a Droga Raia e o da Childhood com o Hotel Atlântica. “Também discuti programas de captação de pessoa física bem-sucedidos com adaptação de metodologias internacionais ao mercado brasileiro, como da ActionAid Brasil, e de criatividade e inovação em arrecadação de pessoa física - caso da Abrinq com a Save the Children, que criaram “vending machines do Bem” no metrô de São Paulo e campanhas de arrecadação online.”

Lucimara Letelier destacou ainda experiências de licenciamento social, citando a Ação Crianças, o Instituto Ayrlton Senna e o Graac; de negócios sociais, com a ação da sitawi, da Aliança Empreendedora, do CDI Lan e da Terra Nova; além de fundações familiares, como a Ismart, a Brava, a Azzi, a Tide Setubal, a Lemann e a Fundação Rukha.


Idis, 09/11/10


2 comentários:

Sandra Maria Sahd disse...

voce é uma verdadeira escritora!!! parabens CLaudinha. um gde exemplo pra mim... é o blog que mais utilizo!
sandra maria sahd

Cláudia Amaral disse...

Ei Sandra! obrigada! É bom saber que o blog é útil!
Mas vc notou que mais de 90% do que eu publico não sou eu quem escreve, né?



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