quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Integração para mudança [dos balanços e dos relatórios financeiros]

Duas ONGs internacionais que se dedicam a difundir a sustentabilidade anunciaram no início do mês uma iniciativa que pode mudar a maneira de fazer balanços contábeis nas empresas e em qualquer organização, tanto públicas quanto privadas.

A Prince of Wales e a GRI (Global Reporting Initiative) formaram um comitê internacional para criar formato único de relatório, aceito globalmente, integrando informações sociais, ambientais, financeiras e de governança, de forma concisa e consistente num mesmo modelo.


As mudanças já ocorridas nos balanços das empresas acompanharam o desenvolvimento do capitalismo.

E este novo protocolo de balanço atende, sem dúvida, às necessidades de organizações cada vez mais pressionadas para demonstrar ao público interessado sua “função socioambiental”, junto com bons números financeiros.

Uma das medidas fundamentais para fazer finalmente emergir a economia de baixo carbono é a forma como as organizações vão registrar e relatar seu desempenho.

Informações socioambientais, há bem pouco tempo desprezadas pelos analistas e tidas como “concessão” a pressões difusas, passarão agora a ser instrumentos para aferir os impactos das atividades econômicas na sociedade e no meio ambiente, bem como o impacto destas no negócio e no mercado.

O olhar em curva que os relatórios não financeiros, como o GHG Protocol (para emissões de carbono) e GRI (socioambiental e de governança), nos traz permite “ver” a relação intrínseca existente entre os riscos financeiros e os impactos socioambientais negativos.

Estas informações, a princípio mal compreendidas, aos poucos deixaram bem evidenciado que passivos não financeiros - não contabilizados para efeito de risco e performance - em pouco tempo “engoliam” lucros fabulosos e outros valores que o dinheiro não compra, como reputação e confiança.

A iniciativa das duas entidades supracitadas indica que existe, na sociedade, a necessidade imperiosa de discutir a nova dimensão dos balanços e dos relatórios financeiros.

Temos décadas de cultura de supremacia das finanças na formulação das mais diversas equações de investimentos nas Bolsas, de estratégias empresariais e até de programas de governos.

O que poderá advir se a isto forem agregadas informações sobre impactos e riscos?

Certamente uma nova forma de gestão empresarial, novos parâmetros para balizar as fusões e aquisições, novas bases para o calculo das ações nas Bolsas e, sobretudo, uma redefinição na função social das empresas.



Ricardo Young
Empresário e militante do movimento pela sustentabilidade.
Artigo produzido originalmente para publicação no jornal Folha de S. Paulo de 09 de agosto de 2010.
Envolverde, 12/08/10
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.


Nenhum comentário:



Acesse esta Agenda

Clicando no botão ao lado você pode se inscrever nesta Agenda e receber as novidades em seu email:
BlogBlogs.Com.Br