TED Shaffi Mather: Uma nova maneira de combater a corrupção

Após passar por uma série de experiências de morte ou quase-morte no seu círculo íntimo, Mather e mais quatro amigos fundaram o "Ambulância para Todos" – um serviço de apoio de ambulâncias na Índia parecido com o 190, mas autossustentável e totalmente acessível à população, independente da possibilidade de pagar.

[Clique em "Mais", abaixo, para ver o vídeo com legendas em português]

“O modelo de subsídio cruzado realmente funciona, onde os ricos pagam mais e o pobres, menos, e as vítimas de acidentes têm um serviço gratuito”, diz. O serviço começou em 2004 com apenas uma ambulância e hoje já conta com mais de cem veículos em três estados – alcançando um número recorde de mais de 100 mil pacientes atendidos desde o início das atividades.


Depois de atender as vítimas dos ataques terroristas em Bombaim, Mather decidiu co-fundar outras duas empresas sociais. “Uma é a Educação para Todos, que cria escolas em pequenas cidades na Índia. E a outra é a Moksha-Yug, que é uma cadeia integrada de abastecimento rural baseada em micro-financiamento entre grupos”, conta.

Luta contra a corrupção
Mas a luta atual do empreendedor é contra a corrupção, os subornos e a falta de transparência nos diversos setores da sociedade. “Subornos e corrupção têm tanto demanda quando oferta. O lado da oferta é basicamente formado por empresas gananciosas e sem ética e por indivíduos desafortunados. E a demanda é representada por políticos, burocratas e por aqueles que possuem poder discricionário”, diz.

Já a “pessoa normal” é levada a pagar propina quando se depara com situações limites, defende o advogado. “No mundo moderno, onde o tempo é precioso, e a luta pela sobrevivência é feroz, essa pessoa desafortunada acaba cedendo e faz um suborno só para seguir com a vida.”

O problema, segundo Mather é que mesmo sem querer se entregar ao suborno, as pessoas não tem tempo, recursos, experiência ou meios para combatê-la. Para driblar esse problema, ele decidiu criar ferramentas para lutar contra a prática.

“Temos um grupo trabalhando num projeto piloto para lidar com situações de demandas por propinas para serviços comuns ou benefícios. E em todos os 42 casos em que atacamos tais demandas usando as ferramentas legítimas existentes, como o ato de direito à informação, vídeo, áudio ou pressão dos pares, fomos bem-sucedidos e os clientes conseguiram o que queriam sem pagar propinas. E o custo dessas ferramentas é substancialmente menor que a propina exigida”, conta.

Ele vai além e propõe explorar o “mercado da propina”, capaz de movimentar trilhão de dólares anuais, e criar um serviço terceirizado, pago, capaz de acabar com as propinas e combater a corrupção. “Eu sei que a luta pela justiça contra a corrupção não é fácil. Nunca foi e nunca será”, afirma. “Mesmo assim acredito que é um preço pequeno a pagar por nossa dignidade e por fazer do mundo um lugar melhor”, conclui.

Assista a palestra na íntegra no vídeo abaixo. Para ver com legenda em português, selecione a língua na opção abaixo do play.

Jandira Feijó, 19/02/10