terça-feira, 18 de novembro de 2008

Boa gestão usada na ajuda a carentes

Duas vezes por ano, uma turma de jovens atendidos pelo Graac, realiza um treinamento de dois dias na sede da consultoria

Foi uma feliz coincidência que abriu o canal de relacionamento entre a Mariaca, empresa sediada na capital paulista que assessora executivos e empresas na gestão do capital humano, e o Grupo de Apoio ao Adolescente e Criança com Câncer (Graac), instituição sem fins lucrativos que realiza cerca de 2,5 mil atendimentos mensais a crianças e adolescentes com câncer em seu hospital.

Em 2001, a empresa - que até então, apoiava instituições sem fins lucrativos em demandas esporádicas-, decidira formatar um projeto de responsabilidade social que permitisse maximizar o conhecimento acumulado em sua área de atuação. Votação interna dos 45 funcionários definiu que o público beneficiado seria jovens pouco favorecidos, portadores de necessidades especiais.

Líder do comitê de coordenação do novo projeto, composto por colaboradores de todas as áreas da empresa, a sócia-diretora Renata Filippi Lindquist decidiu assistir a uma palestra do superintendente do Graac, Antonio Sergio Petrilli. E ouviu-o falar da necessidade de apoiar os jovens no pós-tratamento da doença, inclusive com a colocação no mercado de trabalho.

"Achei que havia uma sinergia com nossa proposta e levei a sugestão ao comitê. Selada naquele ano, a parceria marcou o início do Somar, projeto social da Mariaca, que, como pequena empresa, recebeu o Prêmio ECO na categoria Comunidade.

Desde então, duas vezes por ano, uma turma de jovens atendidos pelo Graac, realiza um treinamento de dois dias na sede da consultoria. Com apresentações do fundador, Marcelo Mariaca, dirigentes e consultores, a turma absorve uma metodologia oriunda da parceira internacional Lee Hecht Harrison, adaptada pela Mariaca, que consiste em nove passos para a busca do emprego.

Começa-se com a comparação entre as próprias habilidades e as profissões existentes, para direcionar a investigação, indica a executiva. Depois, vêm as orientações para elaborar e encaminhar currículos, criar uma rede de relacionamentos, como se comportar numa entrevista e até dicas de como registrar as atividades para aumentar a produtividade no processo de busca. Para encerrar, cada participante recebe uma apostila com o resumo das apresentações, além de mais de 100 endereços de agências que recebem currículos.

Permanecendo na retaguarda, os profissionais da Mariaca respondem e-mails dos jovens e divulgam o Somar, para todas as empresas visitadas, garante a gestora. E, anualmente, ocorre um seminário de manutenção para os jovens da Graac, que serve como espaço para a solução de dúvidas e troca de experiências, tanto para jovens que encontraram colocação após o treinamento, como para quem ainda não se colocou.

Com o sucesso obtido no Graac, a Mariaca partiu para outros desafios. Com sete décadas e três núcleos de atendimento a 1,1 mil famílias com vulnerabilidade social na Grande São Paulo, a Obra do Berço foi a segunda instituição atendida. Neste caso, diz a gestora, bastam dois seminários por ano, na sede da Obra do Berço, de apenas três horas, para transmitir a metodologia. A própria instituição se encarrega do acompanhamento aos participantes, escolhidos entre cerca de 240 jovens de 15 a 18 anos atendidos pela entidade.

O mesmo processo de seminários semestrais é feito para o universo de mais de 800 jovens carentes da favela Paraisópolis, na zona sul da capital paulista, atendidos pela Escola da Comunidade do Colégio Visconde do Porto Seguro. A instituição de ensino oferece bolsas integrais a esse time e material pedagógico. Após os treinamentos, é a escola quem cuida do suporte aos jovens em busca de emprego.


Silvia Czapski
Valor Econômico, 18/11/08


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