sábado, 26 de julho de 2008

O compromisso com o ensino do Novo Telecurso

O Brasil tem 52,96 milhões de estudantes matriculados na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, Médio e Técnico. São 46,61 milhões em estabelecimentos públicos e 6,35 milhões em instituições privadas

Os dados, revelados pelo "Censo Escolar da Educação Básica 2007", são expressivos e apontam avanços na meta da universalidade do acesso à escola. Entretanto, ainda estão aquém desse objetivo imprescindível para o desenvolvimento, considerando que 800 mil crianças com idade para o ensino fundamental não estão estudando, assim como 18% dos adolescentes entre 15 e 17 anos, conforme mostram, respectivamente, estudos da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e da Fundação Getulio Vargas.

O número ainda elevado dos "sem-escola" não se deve à falta de vagas no ensino público, mas às suas condições inadequadas, favorecendo a evasão e repetência. Professores mal pagos, segurança precária, baixa qualidade e os problemas sociais e familiares são as principais causas. Além de cercear o direito ao estudo, as deficiências da educação geram alto prejuízo socioeconômico, como demonstra o Banco Mundial (Bird), no recente relatório "Jovens em Situação de Risco no Brasil": nossa economia deixa de crescer meio ponto percentual por ano em decorrência de um grande contingente de indivíduos não terminar a escola. Isto significa que, a cada quatro décadas, o País desperdiça R$ 300 bilhões, o equivalente a cerca de 16% do PIB de 2007.

O cenário é muito atenuado pela intervenção da sociedade. Nesse sentido, não há dúvida de que o Telecurso 2000 seja o mais amplo projeto educacional do Terceiro Setor no País. Além de sua abrangência, foca exatamente o principal problema da educação brasileira, que é a evasão, oferecendo oportunidade concreta às pessoas, de recuperarem o tempo perdido, resgatarem a escolaridade básica e se credenciarem à universidade ou a uma carreira qualificada.

São 27 mil telessalas, 5 milhões de alunos beneficiados, 30 mil professores capacitados, 24 milhões de livros e 1,8 milhão de fitas distribuídas. Há, ainda, 1.500 instituições parceiras. Estes são os números da iniciativa conjunta da Fundação Roberto Marinho e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), por meio do Sesi-SP e do Senai-SP.

O primeiro, presente em 123 municípios paulistas, com 210 unidades e mais de 190 mil matrículas por ano, ministra Educação Infantil, Ensino Fundamental e, desde 2007, Médio. Agora, também abrimos a possibilidade dos estudantes cursarem de modo integrado o Ensino Médio do Sesi-SP e os cursos técnicos do Senai-SP. Esta instituição, com 152 unidades, atende a mais de 30 segmentos industriais, alcançando quase um milhão de matrículas anuais. Oferece cursos de Aprendizagem Industrial, Técnicos e Superiores (Mecatrônica, Meio Ambiente, Vestuário e Gráfica), incluindo pós-graduação latu sensu nessas mesmas áreas.

Ante a dimensão dos desafios persistentes, surge o Novo Telecurso, incorporando as disciplinas de Filosofia, Artes Plásticas, Música, Teatro e Sociologia, 110 novas aulas, mais 48 livros para alunos e professores, criação de um banco de dados único para promover a formação continuada dos docentes e a comunicação entre estudantes e inclusão de portadores de deficiência auditiva, a partir da criação de legendas na Linguagem Brasileira de Sinais (Libras).

Com os avanços, o Novo Telecurso, que está sendo lançado em março, passa a cumprir ainda melhor a função de permitir que milhões de brasileiros continuem estudando. Seu conteúdo é o currículo básico do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), do Ministério da Educação. As aulas dos ensinos Fundamental e Médio irão ao ar na Rede Globo, Canal Futura, TV Cultura, Rede Minas e Globo Internacional, com audiência semanal estimada em 7 milhões de pessoas. O acesso é garantido, ainda, nas telessalas, que contam com mediação de um professor, recursos audiovisuais, livros e a vivência de atividades complementares.

Com certeza, o Novo Telecurso inclui-se entre os fatores capazes de melhorar o acesso à educação. E isto é decisivo, pois o ingresso do Brasil no Primeiro Mundo e a solução efetiva do déficit social estão condicionados à sua capacidade de prover ensino universal de qualidade. Desse modo, o desafio do conhecimento é prioridade absoluta. Vencê-lo, porém, não é responsabilidade apenas do Estado. Cabe às organizações do setor privado um papel relevante, como demonstra a atitude dos parceiros do Novo Telecurso.


Paulo Skaf
Presidente da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp)
Gazeta Mercantil, 25/07/08


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