quinta-feira, 31 de julho de 2008

Fraude no sistema de transplantes deve reduzir doações, afirma associação

Prisão do médico Joaquim Ribeiro Filho, acusado de manipular a lista de transplantes de fígado no Rio
Foto Bruno Gonzalez/Agência Estado


O presidente da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), Valter Garcia, afirma que a suposta fraude no Sistema Nacional de Transplantes deve reduzir o número de doações pela metade.

Na quarta-feira (30), o médico Joaquim Ribeiro Filho, professor da UFRJ e ex-chefe da Rio Transplantes (hoje Central Estadual de Transplantes), foi preso na chamada Operação Fura-Fila da Polícia Federal sob a acusação de manipular a lista de transplantes de fígado no Rio e de desviar órgãos para fazer cirurgias em clínicas particulares, ao custo de até R$ 250 mil cada uma.

Em entrevista concedida nesta quinta ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional, o presidente da ABTO disse que a associação tinha dúvidas quanto ao respeito à seqüência da fila do sistema de transplantes, mas que considerava difícil ocorrer fraudes. Garcia afirma que a lista de candidatos a um órgão é feita por meio de software e segue rigorosamente os critérios de classificação.

Segundo ele, o sistema é "muito bom", porque mais de 90% dos transplantes são feitos em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). "O sistema hoje é baseado na gravidade que se encontra o paciente, não no tempo de espera" diz.

Investigação
De acordo com as investigações da PF e a denúncia do Ministério Público Federal, Ribeiro Filho, que era credenciado ao sistema nacional de transplantes, colocava na frente de pessoas que estavam no topo da lista de doações pacientes que pagavam a ele taxas que variavam entre R$ 200 mil e R$ 250 mil. Ele e outros quatro médicos suspeitos de participar do esquema foram denunciados à Justiça por peculato --apropriação ilegal de recursos.

A advogada de Ribeiro Filho negou o envolvimento do médico no esquema e afirmou que ele é vítima de perseguição por denunciar suposta precariedade do sistema de saúde do Rio. "O doutor Joaquim é um médico muito experiente, um dos mais reputados na área de transplante, mas é muito combativo. Ele vem denunciado a precariedade da saúde no Rio e, com isso, angariando inimigos", afirmou a advogada Simone Kamenetz.

Transplantes
Após a operação, o Ministério da Saúde informou, por meio de nota, que determinou a concentração de todos os transplantes de fígado do Estado do Rio no Hospital Geral de Bonsucesso (zona norte do Rio).

Em 2007, o SUS (Sistema Único de Saúde) realizou 15.857 transplantes de órgãos, sendo deles 971 de fígado.


Folha Online, 31/07/08


Nenhum comentário:



Acesse esta Agenda

Clicando no botão ao lado você pode se inscrever nesta Agenda e receber as novidades em seu email:
BlogBlogs.Com.Br