quinta-feira, 19 de junho de 2008

Milionários trazem de volta investimentos do exterior

O passado de incertezas políticas e econômicas, assim como a longa história de hiperinflação, fizeram com que muitos brasileiros mantivessem seus recursos no exterior. Mais recentemente, a melhora econômica e estabilidade política têm encorajado muitos desses endinheirados a voltar suas atenções para o mercado doméstico, ressalta o relatório do Barclays sobre milionários.

O advogado Léo Rosenbaum, do escritório Rosenbaum Advocacia, confirma essa tendência. Ele conta a história de um investidor de alta renda que, diante de melhores oportunidades de investimento no país, resolveu trazer de volta US$ 15 milhões que estavam no exterior, não-declarados. "Ele disse que nunca imaginou que traria de volta o dinheiro e que preferia pagar o imposto para aproveitar as oportunidades daqui", diz o advogado.

Há um movimento no sentido de os investidores aproveitarem as oportunidades presentes no mercado brasileiro, principalmente na renda fixa, diz Helena McDonnel, diretora do private bank do HSBC no Brasil. Ela lembra que a proporção de investimentos de brasileiros no exterior é menor do que a de argentinos fora do país. Números da consultoria Boston Consulting Group mostram que, no Brasil, 54% dos ativos dos milionários estão offshore e os outros 46% onshore. Já na Argentina, a proporção é de 68% de investimentos no exterior e, no México, é de 68%, mesmo percentual da Venezuela.

O relatório do Barclays destaca ainda que nos últimos anos, os brasileiros ricos têm investido pesadamente em imóveis. "O 'boom' do mercado imobiliário é liderado por uma classe média emergente com aspirações de comprar a casa própria", diz o relatório. O estudo afirma ainda que o crescimento da economia de mercado, juntamente com a globalização, mudanças tecnológicas e demográficas e o crescimento da demanda por commodities, tem contribuído para uma criação em massa de riqueza em muitos países.

Para Otávio Vieira, diretor de investimentos da Safdié Private Banking, a acumulação de riqueza a partir de agora deverá vir principalmente de executivos e com a valorização dos ativos. "Tem muita gente da classe média que tem se tornado milionário com o retorno de seus investimentos ou por ter participação nos lucros das companhias em que atuam", diz. No ano passado, a área private do Safdié registrou crescimento na faixa de 70% e, para este, a expectativa é de 35%.

Segundo o relatório do Barclays, quando a riqueza é dividida entre a parte financeiras e a não-financeira (como obras de arte, por exemplo), os Estados Unidos lideram nos dois quesitos hoje e isso deve se manter nos próximos 10 anos. Atualmente, diz o relatório, há 16,6 milhões de ricos locais cuja riqueza supera U$ 1 milhão. A previsão é de que esse número suba para 29,7 milhões em 2017. "Nenhum outro país no mundo irá chegar perto desse crescimento em termos absolutos", diz o estudo. Na próxima década, os EUA também verão o número de milionários locais com mais de US$ 5 milhões crescer de 1,4 milhão para 3,5 milhões.


Por Luciana Monteiro, de São Paulo
Valor Online, 18/06/08


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