Conferência da FAO não resultou em medidas para diminuir a fome, avaliam ONGs
A conferência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) não resultou em medidas práticas para amenizar a crise alimentar vivida pelo mundo, na avaliação de organizações não-governamentais (ONGs) que acompanharam o encontro, em Roma.
"A sociedade civil não foi citada em nenhum documento aqui. Isso é reflexo da total exclusão dos agricultores nessa conferência", disse o secretário-geral da Rede de Ação e Informação Alimentação Primeiro, Flávio Valente.
Para ele, na conferência que se encerra hoje (5), os governos demonstraram que têm agendas diferentes e que não há acordo para resolver o problema. "São os mesmos compromissos do passado. Não tem nenhum compromisso novo. A conferência realmente mostrou que eles não se prepararam para achar uma solução aqui. Só assuntos pessoais, como a questão dos combustíveis, mas as pessoas que passam fome todos os dias não terão uma resposta daqui. O que está aqui já foi dito várias vezes e nunca foi cumprido", criticou.
"Não acredito que os governos vão encontrar, por eles mesmos, a solução para o problema", completou o secretário-geral.
Na prévia da declaração do encontro, há a intenção de delegar à força-tarefa criada pela ONU a responsabilidade pelo problema da distribuição alimentar no mundo. Valente lembrou que essa força-tarefa não é intergovernamental. "Os governos não poderão interferir nas ações".
"A conferência se transformou num sucesso para os interesses errados, não é um sucesso para o povo, é um sucesso para os interesses econômicos que saem fortalecidos desse processo à medida que a FAO sai enfraquecida desse encontro, porque perde o mandato de defender a segurança alimentar, porque ele é transferido para um organismo que não tem controle governamental", comentou.
Para ele, a culpa pela crise alimentar não pode ser atribuída somente aos subsídios agrícolas pagos pela União Européia a seus agricultores. É preciso discutir os mecanismos de regulação de mercado. "O mercado não é livre. O mercado livre, na verdade, está a serviço dos grandes interesses econômicos. A sociedade precisa ter mecanismos de regulação sobre ele", reclamou.
Priscilla Mazenotti, da Agência Brasil
Envolverde, 05/06/08
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