sábado, 1 de março de 2008

Por que as empresas de internet querem invadir o seu celular?

Entenda porque empresas como Google, Microsoft e Yahoo estão investindo cada vez mais pesado em internet móvel

..."há três vezes mais celulares que computadores no mundo. Muitas pessoas farão o seu primeiro acesso à internet pelo celular, e não pelo computador”

Esqueça as tradicionais marcas de celulares. Depois da Apple, que roubou a cena com seu iPhone, quem mais se destacou no mercado de mobilidade em 2007 não foi nenhuma grande fabricante de aparelhos ou operadora, mas sim uma empresa de internet: o Google.

A indústria parou para acompanhar o anúncio da plataforma Android, que foi muito além de um único aparelho com a marca Google (o Gphone, que muitos aguardavam), oferecendo um ambiente completo para celulares, que os desenvolvedores poderão povoar com os mais diversos aplicativos.

Mas o Google não está sozinho nesta corrida à mobilidade. Outros gigantes da internet, como Microsoft e Yahoo, vêm anunciando numerosos acordos com operadoras e fabricantes de aparelhos, além de esforços para adaptar seus produtos mais populares ao universo do celular.

O motivo mais evidente é que há três vezes mais celulares que computadores no mundo. “Muitas pessoas farão o seu primeiro acesso à internet pelo celular, e não pelo computador”, opina Leonardo Tristão, diretor de novos negócios do Google. “O futuro da internet é móvel. É a próxima grande fronteira”, concorda Marcos Lopes, diretor de marketing da TIM.


Mesmo com as restrições atuais nos custos de acesso a dados pelo celular – especialmente nos mercados em estágio de desenvolvimento, como o brasileiro –, os usuários de internet móvel já passam de 400 milhões no mundo – um terço dos internautas que navegam pelo PC – e a previsão é de que cheguem próximo à marca de 1 bilhão dentro de três anos, segundo o eMarketer.

Em mercados mais maduros, como o Japão, o número de usuários de internet pelo celular já é superior ao de internautas que navegam pelo desktop. “O mundo é cada vez mais on demand, As pessoas querem utilizar os serviços onde, como e quando têm vontade”, justifica o diretor de novos negócios da Oi, José Luis Volpini.

Para as empresas de internet – como Microsoft, Google e Yahoo! –, trata-se de um novo universo de oportunidades. Segundo previsões do eMarketer, os gastos com anúncios em celulares devem chegar a 13,8 bilhões de dólares em 2011. Deste total, 17% virão de um mercado que estas três companhias vêm disputando ferrenhamente: as buscas.

Dos 982,4 milhões de usuários de internet móvel previstos para 2011, mais de 90% vão utilizar os serviços de busca, fornecendo combustível para um mercado de 2,3 bilhões de dólares em links patrocinados.


E o interesse nas buscas móveis não está apenas no volume, mas também na qualidade. Segundo as empresas de internet, as taxas de clique em links patrocinados são maiores no celular que no PC. “Quando o usuário busca no PC, tem tempo livre para navegar pelas opções e escolher. Já no celular, ele tem que ser objetivo. A idéia é resolver o problema em um único clique”, explica André Izay, diretor geral do Yahoo! Search Marketing.

Outra vantagem dos dispositivos móveis em relação aos PCs é a possibilidade de oferecer resultados de buscas baseados em localização. “Se o usuário faz uma busca por McDonald’s no celular, por exemplo, provavelmente ele não quer informações nutricionais sobre os lanches da cadeia ou o telefone para entrega, mas sim saber onde está a loja mais próxima, o que facilita ao buscador entregar o link mais adequado”, explica Alexandre Fernandes, diretor de produtos e serviços da Vivo.

De olho nestas oportunidades, as empresas de internet costuram parcerias com operadoras e fabricantes de celular para posicionar estrategicamente os seus mecanismos de buscas. No Brasil, o Yahoo fechou acordos para prover motor de buscas para a Claro e a Vivo, replicando alianças globais firmadas com as empresas-mãe das operadoras - América Móvil e Telefónica, respectivamente.

Ter um bom sistema de buscas também é um diferencial para as operadoras. De acordo com Alexandre Olivari, gerente de serviços de valor agregado da área de varejo da Claro, metade das vendas de conteúdos do portal Claro Idéias – que abrange música, vídeos e jogos, entre outros itens – se originam a partir de buscas.

Mas as oportunidades não estão restritas aos buscadores. A TIM, por exemplo, assinou um acordo com o Google, tornando-se a primeira operadora a trazer o popular site de compartilhamentos de vídeo YouTube aos celulares dos brasileiros – embora a busca preferencial também esteja no pacote.

Outros serviços sociais – como as redes de relacionamento – também têm grande potencial de crescimento no celular. A consultoria Pyramid Research prevê que em 2012 os usuários de redes sociais pelo celular cheguem a 950 milhões. No Brasil, um acordo entre o Google e as operadoras Claro, TIM, Brasil Telecom e Telemig já permite que os usuários enviem recados para o Orkut.

Na lista de experiências locais bem sucedidas, outro destaque é a integração do serviço de mensagem instantânea MSN Messenger, da Microsoft, aos celulares. De acordo com Priscyla Alves, gerente de marketing do grupo de serviços online da Microsoft, o serviço que permite enviar mensagens a partir do computador para um celular já tem mais de 2 milhões de usuários cadastrados, mesmo sendo pago.

As operadoras começam a testar também modelos alternativos de publicidade no celular. É o caso da Claro, que fez um projeto piloto com banner gráfico do Fiat Punto no portal móvel Claro Idéias. De acordo com Olivari, o número de cliques registrados pelo celular no período foi o dobro da média que teria um banner veiculado em um site tradicional.

“Alguns modelos vencedores da web podem ser muito bem adaptados ao celular”, observa Rafael Magdalena, gerente de serviços de valor adicionado móvel da Brasil Telecom.

Os dispositivos móveis abrem, contudo, novas portas para outros tipos de publicidade, que vão além dos modelos utilizados em PCs. “Um exemplo é o ‘click to call’, em que o usuário clica em uma publicidade e disca automaticamente para o anunciante. Outro é o “click to download”, em que ele baixa algum conteúdo associado ao anúncio”, explica Izay, do Yahoo.

As empresas do ramo são unânimes em ressaltar, porém, que para explorar bem a publicidade móvel são necessários conhecimento e consentimento do usuário. "É preciso ter clareza de quem é o cliente. E, como em todo marketing direto, o segredo é ter um bom relacionamento", opina Volpini, da Oi.

Outro desafio para as empresas de internet – assim como dos fabricantes de celulares e operadoras – é proporcionar aos usuários uma melhor experiência de web no celular.

A navegação por menus e listas que predomina na maioria dos aparelhos disponíveis no mercado sequer lembra aquilo que entendemos por internet e frustra as expectativas de quem se aventura por ela. “Pesquisas indicam que a cada novo menu apresentado, metade dos usuários desiste de navegar”, relata Tristão, do Google.

A prova de que os usuários estão ansiosos por uma experiência mais rica no celular é o sucesso do navegador Safari, integrado ao iPhone. Lançado no início do ano, o aparelho, que oferece navegação muito similar à do PC, exibindo versões completas dos sites, já conquistou 50% mais usuários que o Windows Mobile – que roda em diversos modelos de smartphones - no acesso à internet pelo celular, segundo a empresa de pesquisas Net Applications.

“A contribuição do iPhone foi mostrar que a usabilidade é fundamental”, afirma Tristão. “Acreditamos que o usuário tem de ter a mesma experiência de internet, independente da plataforma – seja TV, computador ou celular”, ele acrescenta.

Daniela Moreira, do IDG Now!
Publicado pelo
Computerworld em 28/02/08


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