sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Reduzir emissões de gases custará US$ 200 bi ao ano

Assis Moreira
Publicado pelo
Valor Online 24/08/07

Com as emissões de gases-estufa em alta, serão precisos investimentos adicionais de US$ 200 bilhões anuais até 2030 para reduzir os níveis aos atuais, segundo estudo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC na sigla em inglês).

O Brasil precisará investir US$ 13,5 bilhões a mais por ano para melhorar a eficiência energética na indústria, agricultura e outros setores, sem contar o capital necessário para combater o desmatamento da Floresta Amazônica.

A ONU calcula ainda que US$ 9,8 bilhões a mais serão necessários por ano para geração de energia, principalmente renovável, no país. Para melhorar os transportes, a previsão é de outros US$ 2,2 bilhões, quase tudo na produção de etanol. A indústria nacional deverá desembolsar US$ 614 milhões a mais para melhorar a eficiência energética. Outros US$ 400 milhões serão necessários para tornar os prédios ecologicamente mais eficientes.

O Brasil, um dos maiores produtores agrícolas mundiais, deverá gastar US$ 550 milhões a mais por ano somente para cortar emissões no setor.

Em todo o mundo, a ONU estima que US$ 148 bilhões de um total projetado de US$ 432 bilhões anuais de investimentos devem ir para geração de energia renovável. O setor de transporte precisará de mais US$ 88 bilhões, sendo 10% para produção de biocombustível. A indústria necessitará de US$ 36 bilhões para melhorar a eficiência energética; a agricultura, mais US$ 35 bilhões; e o setor de construção, outros US$ 52 bilhões. Entre US$ 35 bilhões e 45 bilhões ainda serão necessários para o desenvolvimento de novas tecnologias.

A divulgação do estudo provocou polêmica, ontem, quando o secretário-geral da UNFCCC, Yvo de Boer, defendeu que os países ricos sejam liberados de cortar suas emissões, se pagarem as nações em desenvolvimento para fazerem isso no lugar delas.

Grupos ecológicos retrucaram dizendo que a idéia vai contra os objetivos definidos pela própria ONU para os países industriais - principais responsáveis pela mudança climática - contribuírem mais para atenuar seus efeitos.

Mas Boer insiste que os países em desenvolvimento, no rastro de sua rápida expansão econômica, precisarão da parte maior de investimentos para combater o problema. E enquanto o fluxo de investimentos para essas economias é estimado em 46% da necessidade global, ele acha que a redução de emissões por esse grupo deve ficar em 68% da redução total.

Boer insistiu na importância do mercado de carbono, que permite aos países industrializados investir em projetos de desenvolvimento sustentável nos países pobres e assim gerar crédito de corte de emissões. No ano passado, as atividades do Clean Developmento Mechanism (CDM) geraram investimentos de US$ 25 bilhões, segundo o estudo.


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