terça-feira, 13 de julho de 2010

Quero Doar. Mas para quem?

Executivo do mercado financeiro cria instituto que faz a conexão entre pessoas dispostas a investir e ONGs com bons projetos sociais

Marcos Flávio Azzi, à frente, com Tereza Melo, Luciana Piazzon, Rodrigo Pontes e Priscila Rodrigues, sua equipe no Instituto Azzi: iniciativa inédita que une investidores dispostos a doar acima de R$ 50 mil por ano a instituições com projetos assistenciais sérios 
Foto Breno Rotatori

O economista Manoel Felix Cintra Neto, 62 anos, presidente do banco Indusval Multistock, sempre estimulou as empresas e entidades que dirigiu, como a BMF, a ter um olhar para o terceiro setor, por meio de programas sociais estruturados. Mas quando começou a separar parte de seu patrimônio pessoal para filantropia, Cintra Neto enfrentou um dilema. Como identificar projetos assistenciais sérios e, depois, acompanhar o retorno do investimento? Para ajudar pessoas com esse mesmo problema, o mineiro oriundo do mercado financeiro Marcos Flávio Azzi criou, em 2008, um instituto cuja proposta é fazer a conexão entre pessoas físicas de alto poder aquisitivo e ONGs ou instituições que tenham projetos sociais de excelência.
Sócio da corretora Credit Suisse Hedging-Griffo, Azzi, 37 anos, criou uma estrutura que busca pessoas interessadas em doar no mínimo R$ 50 mil por ano e ONGs que, para ser escolhidas, precisam passar por avaliação que mede sua qualidade de gestão, o nível de transparência, a solidez e o potencial de impacto. “Na maioria das vezes, a escolha por esta ou aquela ONG é subjetiva e não leva em conta seus resultados”, diz Azzi. “Isso torna a filantropia fragmentada, oportunista e sem foco.”
O trabalho do Instituto Azzi começa com a definição do valor a ser doado. Depois vem a identificação da causa que mais atrai cada doador. “Conversamos muito com o investidor e sua família para encontrar uma causa que faça sentido para ele”, diz Azzi. Sua causa pessoal, para a qual reserva 3% do patrimônio todos os anos, é a reforma de casas populares. Azzi já recuperou 60 residências em Perus, 200 na Vila Brasilândia e 50 em Campo Limpo, bairros da periferia de São Paulo, ao custo médio de R$ 2 mil cada. “Ter uma boa casa para morar muda a relação familiar, as crianças adoecem menos e tudo melhora”, afirma Azzi, pai de um casal, de 7 e 3 anos. Azzi deixou o dia a dia da corretora para se dedicar exclusivamente ao instituto, que não cobra pelo trabalho e tem quatro funcionários com salários pagos por ele.

Hoje há 20 investidores cadastrados, que bancam cerca de 40 projetos. Eles são monitorados e os doadores informados sobre os resultados, como acontece com Manoel Felix Cintra Neto, que apoia, em parceria com o instituto, sete causas em várias frentes, de instituições que cuidam de pessoas idosas e crianças com câncer até uma ONG que ajuda animais abandonados. “O instituto faz um bom acompanhamento, para ver se a entidade está aplicando com competência o dinheiro”, diz Cintra Neto. A meta de Marcos Azzi é fechar o ano com 35 investidores e estender a atuação do instituto, hoje restrita a São Paulo, para o Rio de Janeiro. “Qualquer lugar com gente de boa vontade precisa do instituto para se conectar às instituições que necessitam de investimento”, diz Azzi. E assim a filantropia começa a se profissionalizar.


Katia Militello
Época Negócios, 05/07/10
Via Raquel Moreira


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