terça-feira, 30 de junho de 2009

Depois do sucesso: cópia vs disseminação

Como uma organização sem fins lucrativos pode progredir baseada nos seus projetos de sucesso? E como as fundações podem ajudá-las a fazer isso?

A replicação é um enfoque, mas a propagação é um conceito mais forte. Enquanto os dois termos implicam na continuidade e no crescimento de projetos de sucesso, a propagação abrange resultados mais amplos, contínuas “gerações” e novos direcionamentos. A propagação incorpora a disseminação de adaptações de idéias e projetos para novos ambientes geográficos, culturais e socioeconômicos.

Uma estratégia para expandir ou ampliar projetos de sucesso é ajudá-los com a replicação; ou seja; copiar suas características essenciais e implementá-las em outros cenários. No entanto, o termo replicação é tirado de dois outros contextos: (a) o experimento em laboratório (um cientista deseja replicar um experimento para confirmar uma hipótese) e (b) o mundo das licenças de varejo e franquias (MacDonald, em suas localidades, deseja comida consistente, valor e “experiência com o consumidor”). Nenhuma das duas utilizações do termo geralmente não são aplicáveis aos serviços sociais ou às organizações de comunidades de base.

A rigor, os projetos de sucesso das comunidades de base não podem simplesmente ser copiados ou “clonados” ou franqueados. “O fator do sucesso é sempre exclusivo e, frequentemente, depende dos esforços de um ou mais “campeões” muito ligados às circunstâncias específicas de tempo e lugar.

Uma avaliação de um reconhecido “sucesso”, muitas vezes identifica – e depois tropeça destacando-se nas diferentes variáveis de um lugar a outro. A comparação resultante de “alhos” com “bugalhos” é ilusória e inconcludente. Outro ponto fraco é a ênfase exagerada em desenvolver “melhores práticas”.

Existe uma visão cujo principal ponto assinala a diminuta quantidade de processos ou técnicas que deram certo num cenário e, assim, ser espalhados em pacotes uniformes - gerando uma visão que subestima ou ignora a complexidade humana, as organizações e outros temas de contextos específicos.

A propagação – adaptação, dispersão e expansão
Um dos mais modestos, realista e robusto conceito é a propagação: um termo da ciência natural que sugere dispersão e expansão em números. Também leva a inerência natural de gerações múltiplas e a existência de variáveis nos casos individuais. A propagação tem sucesso análogo ao das famílias: ter filhos e netos que podem herdar as características dos seus ancestrais, muito embora sejam visualmente diferentes. É, portanto, um conceito mais útil e mais objetivo que replicação.

No entanto, enquanto muitas organizações têm a capacidade de manter e gerenciar um projeto, a maioria preocupa-se mais com as prioridades imediatas e não tem a capacidade de expandir programas ou melhorá-los de forma organizada. O resultado é que poucas organizações têm desenvolvido a capacidade explícita de autopropagar-se.

As “histórias de sucesso” são rapidamente publicadas; porém, quantas organizações podem sempre acomodar um estagiário visitante ou um gerente médio para aprenderem os sistemas? Com que frequência o fundador/ganhador ficou por um extenso período de tempo em outro local como mentor ou multiplicador? Até que ponto existe um processo em curso alimentando a multiplicação ou apenas definindo a propagação como uma meta importante para uma organização?

Raramente há o reconhecimento de que a própria organização forneceu recursos de tempo, energia e dinheiro e desenvolveu procedimentos operacionais que incentivaram a propagação. É nesse ponto que os doadores podem ajudar – não apenas com dinheiro como também com uma visão ampla e mais informada do processo.

Os benefícios do enfoque de propagação
Existem benefícios para os doadores, beneficiados e para a população alvo ao adaptar o enfoque da propagação.

Aumento do Impacto. Os doadores deveriam prestar mais atenção às “histórias de sucesso”. Projetos iniciais que respondam às necessidades urgentes merecem apoio filantrópico. Nosso ponto não é denegrir esses esforços, mas incluir a propagação como outro objetivo a ser reconhecido. Responde à pergunta: “o dinheiro está bem gasto?”. Parte da resposta poderia direcionar-se aos projetos que já tiveram sucesso e ajudá-los a se propagarem.

Elementos críticos. A propagação reconhece que organizações de sucesso dependem dos esforços dedicados e do “toque” humano das pessoas que fizeram-na acontecer. As doações direcionadas à propagação tanto podem dar apoio financeiro aos indivíduos quanto às idéias de sucesso comprovado. Os recursos devem ser gastos para cultivar novas gerações por um período longo além dos cálculos de “custo - benefício”. Esta é uma perspectiva importante que o financiamento das fundações pode providenciar.

Efetividade organizacional. As doações para a propagação oferecem incentivos tangíveis e recompensas pelo sucesso. Estes reforçam o que as organizações estão fazendo melhor e fortalecem a comunicação entre o diretório e o pessoal, visto concentrarem-se nas prioridades tanto dentro como fora da organização.

Capital humano. Um impacto menos óbvio e de longa duração da propagação é construir uma carreira profissional genuína para os campeões dentro (ou fora) das organizações, uma correspondente diminuição do risco de ser “queimado” ou abandonar o campo.

Baixo risco e alta eficiência. Resumindo: comparativamente, a propagação é um método de baixo custo para disseminar boas idéias em novos lugares. De fato, doações para propagações dão capital e liquidez para as empresas de risco social darem um arranque em lugares novos sem reinventar a roda.

Financiamento crítico e temas do recrutamento
Para empresas interessadas em propagação, existem algumas implicações claras referentes às finanças e ao pessoal.

  • Precisa de uma alocação exata de tempo do pessoal para ter sucesso; para tanto será necessário “comprar” algum percentual de tempo de indivíduos chave que lideraram um projeto bem sucedido; vamos calcular de 10 a 25 por cento, a ser utilizado em orientar equipes de outras organizações, atender conferências, publicar relatórios etc.
  • O diretório e a liderança devem decidir se inclui ou não na propagação a estratégia e os objetivos da organização e se comunica o fato e suas implicações com clareza aos acionistas de dentro e fora da organização.
  • É necessário estabelecer critérios apropriados para monitorar e avaliar a propagação. Como muitos dos benefícios dela são gerados fora da organização, é importante avaliar seu valor para o sucesso desta por meio de outros critérios que não sejam os financeiros, operacionais ou aqueles não-tangíveis.
  • A propagação atrai a colaboração com outros. Devido aos impactos externos e os de longo prazo, existem oportunidades para desenvolver alianças e colaborações para diminuir alguns dos custos.
Resumindo, a propagação significa “refocalizar-se” no interior da organização para poder construir com sucesso. Isto terá implicações em cada uma das partes da organização.

No entanto, eu acredito que é um conceito mais forte e realista que a replicação. Em termos financeiros um gasto modesto pode gerar impacto considerável ao ajudar um projeto de sucesso que possa continuar, que possa ser adaptado a outros cenários e ser divulgado mais amplamente.

Veja comentário sobre o texto elaborado pelo diretor da Young Foundation, Geoff Mulgan.


James R. Posner
Phd, é membro da fundação sediada nos EUA: Posner – Wallace Foundation.
E-mail: posnerplus@AOL.com
redeGIFE Online, 29/06/09


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