quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Saídas para a crise: aqui está o setor da sustentabilidade!

A maioria dos mercados de ações, analistas de títulos e valores mobiliários e gerentes de ativos - todos amplificados pela mídia - deixaram de registrar o que eu tenho chamado de setor da sustentabilidade nos últimos 25 anos. Isso em razão de modelos obsoletos de alocação de ativos e porque os mercados, em todo o mundo, são muito influenciados pela mídia. Tudo isso serve apenas para amplificar os erros na análise de títulos e valores e na categorização obsoleta quando da alocação de ativos, CAPMs, VAR e outros modelos. Por exemplo, a análise tradicional de títulos e valores mobiliários e a mídia categorizam os mercados de ações em setores familiares: energia, varejo, defesa, saúde, transporte, industrial, tecnologia, financeiro, etc.

Ao expandirmos nossos horizontes, podemos vislumbrar novas classes de ativos e oportunidades emergentes, na medida em que o mundo se transmuta da Era Industrial impulsionada por combustíveis fósseis para a Era Solar dos dias de hoje, rica em informações - e que também oferece lucros potenciais em inovações e novas tecnologias.

O atual derretimento financeiro ainda vê trilhões de dólares parados, de lado, esperando pelo próximo grande negócio. Eu acredito que o próximo mercado em alta será o das empresas verdes, desse setor em crescimento, o da sustentabilidade. Agora que as bolsas passaram a ser um jogo de tolos, com taxas de juro real negativas, alguns dos ativos menos afetados estão exatamente nesse novo setor.

A conformação obsoleta de hoje obscurece a evolução constante de todas as economias, da mesma maneira que o Departamento do Comércio dos Estados Unidos, ao estruturar e dividir entre “mercadorias” e “serviços”, faz com as contas domésticas: o PIB (GDP) precisa ser constantemente atualizado para acompanhar as mudanças de “mercadorias” para “serviços” (e.g., software foi re-categorizado em 1993). Similarmente, os governos investem pouco em educação, já que ela está categorizada como “consumo” e não como “investimento.” Ainda, o PIB não tem uma conta de ativos para investimentos de longo prazo, como investimentos em novas infra-estruturas, que o Congresso poderia aprovar logo.

Esses investimentos públicos devem, então, ser amortizados ao longo da vida útil desses ativos, como ocorre com a nova malha elétrica ‘inteligente’. Eu e outros economistas estamos tentando corrigir isso há anos (veja http://www.beyond-gdp.eu.) Os mercados, então, acolhem essas estatísticas oficiais, junto com os erros e a mídia amplifica tudo, resultando em curto-prazismo (veja http://www.Calvert-Henderson.com, clique em Questões Atuais (Current Issues), ou visite http://www.shadowstats.com).

A proliferação promovida pela CNBC, Bloomberg, Reuters e outros canais especializados em negócios/finanças, na TV a cabo e na internet, muda profundamente a natureza dos mercados e contribui para esse comportamento de rebanho. Mesmo Alan Greenspan já não acredita mais em mercados eficientes. O contágio e outros efeitos são hoje estudados por psicólogos, como Daniel Kahnemann, de Princeton, o matemático “quant” Nassim Taleb, em The Black Swan (2008), Richard Bookstaber, em A Demon of Our Own Design (2008) e Robert Shiller no seu clássico Irrational Exuberance (2000).

Para alcançar a sustentabilidade nas finanças, a evolução em direção ao triple bottom-line e à contabilidade ESG é hoje a diretriz econômica em todo o mundo, de acordo com uma pesquisa feita pela revista The Economist. Essas mudanças devem ser vistas agora em categorias de mercado. Hoje os “setores” de mercados de ações convencionais estão totalmente defasados e já não refletem integralmente o crescimento global atual da ‘economia verde’ e a grande gama de mercadorias e serviços mais sustentáveis.

Por exemplo, empresas de energias solar e eólica ficam perdidas em um setor de Energia ainda dominado pela energia gerada por combustíveis fósseis e pela energia nuclear; empresas energia-eficiente são confundidas com o setor de Tecnologia; empresas de bicombustível ficam no setor de Agricultura; construção & design ‘verde’ é submetido ao setor de Construção; alimentos integrais perdidos dentro da classificação de Varejo etc.

Assim, empresas produzindo mercadorias e serviços de maneira mais sustentável permanecem, em sua maioria, invisíveis, não são notadas e, conseqüentemente, o potencial que nelas reside é negligenciado e menosprezado. Também, são consideradas como fundos de investimento em empresas de pequeno porte e comercializadas em mercado de balcão, consideradas como insignificantes por gerentes de ativos em larga escala, como também são alvos de vendas a descoberto.

Hoje, novos índices de ações em energia renovável e tecnologia limpa surgiram, junto com informativos de novos mercados, incluindo o Green Chip Stocks, o New Energy News, o Energy and Capital, o Greener Computing e outros disponíveis no site http://www.ethicalmarkets.com. O que é necessário agora é agregar todas essas empresas verdes em uma nova classe de ativos: o setor da sustentabilidade. Esse novo setor seria rotineiramente apresentado na mídia financeira, incluindo modelos para alocação de ativos. Essas empresas oferecem uma nova forma de diversificação já que não estão correlacionadas com outros ativos; na verdade, muitas dessas novas tecnologias rompem com os setores antigos.

Esse novo setor da sustentabilidade pode agregar todas as empresas chave, nas áreas de energia solar, energia eólica, energia geotérmica, bicombustíveis, energia das marés, células de combustível, eficiência energética/de conservação, controles de processo, tecnologias de armazenagem (e.g., baterias, ‘flywheels’, ar comprimido), hidrogênio, conservação de água, agricultura orgânica, componentes de construção verdes, empresas de design verdes (e.g. AutoDesk), como também grades elétricas inteligentes, até mesmo saúde preventiva.

Isso ajudará os investidores a entender a transição para as economias da Era Solar e a dar visibilidade e investibilidade para essas jovens empresas. Isso pode ajudar na substituição de paradigmas e estratégias de investimento obsoletas, ultrapassar os modelos de alocação de ativos tradicionais e promover o crescimento da economia verde em todo o mundo!

Divulgação: Hazel Henderson tem investimentos em parceria em empresas pré-IPO em todo o setor de energia renovável e também investe nas empresas Clipper Windpower, Suntech, Google, Ormat, Cree e tem outras ações OTC.


Hazel Henderson
Economista, líder mundial da plataforma Mercado Ético. Autora de vários livros, entre eles Ethical Markets: Growing the Green Economy. Co-criadora do Calvert-Henderson Quality of Life Indicators, juntamente com o Calvert Group. Participou do Comitê Organizador da conferência Beyond GDP no Parlamento Europeu (http://www.beyond-gdp.eu).
Envolverde, 18/11/08
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