segunda-feira, 24 de novembro de 2008

China e Rússia buscam ampliar influência na América Latina

China e Rússia desafiaram os Estados Unidos na América Latina, ao aproveitar a cúpula do Fórum de Cooperação Econômico Ásia-Pacífico (Apec), deste fim de semana, no Peru, para tentar ampliar sua influência comercial e política em uma região deixada em segundo plano, pela administração de George W. Bush, nos últimos anos.

O presidente chinês, Hu Jintao, usou o Apec como plataforma para uma viagem por Cuba, Costa Rica e Peru, enquanto seu homólogo russo, Dimitri Medvedev, incluiu entre seus destinos Venezuela, Cuba, Brasil e Peru.

"As viagens de Hu Jintao e de Medvedev representam uma desafiante mensagem para os Estados Unidos em sua histórica zona de influência", disse à AFP Farid Kahatt, professor de Relações Internacionais da Universidade Católica do Peru.

"A China vê a região como um mercado potencial para suas exportações, em constante crescimento. Eles têm interesse em diversificar mercados e em obter matérias-primas da América Latina", acrescentou, avaliando que "o interesse chinês na região é essencialmente econômico e não há interesse em ganhar pontos na esfera política".

Acesso ao mercado brasileiro
No Peru, por exemplo, anunciou-se, durante a visita de Hu Jintao, um acordo de livre-comércio, que pode ajudar a China a ter mais acesso ao mercado brasileiro. Além disso, este ano, a China se posicionou como um dos principais sócios da região, passando do terceiro para o segundo lugar.

Taiwan é o único caso em que a China parece ter interesse em explorar politicamente em sua crescente relação com o subcontinente, já que é onde está a maioria dos países que reconhecem, de maneira formal, a ilha rebelde.

"Na América Latina, fica metade dos países que reconhecem Taiwan", lembrou Kahatt, explicando o interesse chinês em reverter essa situação.

Em relação a Moscou, sua relação com a América Latina enfrenta obstáculos, começando pelo fato de a Rússia não ter o peso comercial que a China ostenta em nível mundial.

"A Rússia é uma potência militar, antes de econômica, e não está entre as 10 principais economias globais", destacou Kahatt.

"A divisa internacional da Rússia para fazer negócios é a exportação de armas. Vendendo armas, ela tem de repor peças, fazer manutenção, e isso estabelece vínculos duradouros com conseqüências políticas", finalizou Kahatt.

Intenções reais
O analista Alejandro Deustua, professor da Academia Diplomática do Peru, criticou o papel da Rússia na América do Sul, ressaltando que já é hora de os russos "explicarem a cada país sul-americano suas intenções reais com os exercícios militares na Venezuela", que serão realizados no fim deste mês, no Caribe.

Em Moscou, analistas russos disseram que a busca por influência na América Latina, na qual Medvedev se lançou, é uma tentativa de compensar a influência dos EUA nos países que antes faziam parte da órbita soviética no Leste europeu, Cáucaso e Ásia Central.

Nicarágua, Cuba, Peru e Venezuela são os principais compradores de armas russas na região.


da France Presse, em Lima
Folha Online, 23/11/08


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