sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Crise ameaça projetos de novos prefeitos

Projeções de mercado mostram pouco recurso para investimentos e põem em risco os grandes projetos

O acirramento da crise financeira nas últimas semanas, exatamente durante a campanha eleitoral do segundo turno, põe em risco as propostas mais vistosas dos candidatos a prefeito nos cinco maiores colégios eleitorais que vão às urnas no domingo. Em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre, os postulantes prometem grandes realizações, desconsiderando os impactos que a crise terá em suas receitas e nas dos governos estaduais e federal.

Grandes obras viárias, expansão do metrô, congelamento de tarifas de ônibus, escolas especiais, hospitais e valorização do funcionalismo foram proposições comuns nas campanhas. Todas essas propostas foram incluídas nos planos de governo levando em consideração perspectivas econômicas otimistas para 2009, com crescimento de PIB de 4,5%. As novas projeções de mercado mostram expansão muito mais modesta. As conseqüências imediatas da mudança no cenário econômico são menos recursos, principalmente para investimentos. Em alguns casos, já se pensa em começar o ano com contingenciamento de gastos.

Nas secretarias de finanças municipais, a crise provoca revisões dos orçamentos. Em São Paulo, a previsão de crescimento do PIB caiu de 4,3% para 3,6%, o que significa menos R$ 3 bilhões para investir. "Estamos trabalhando com um cenário ruim para 2009", afirma Walter Aluísio Rodrigues, secretário de Finanças. Em Belo Horizonte, o secretário José Afonso Beltrão da Silva afirma que uma reavaliação do orçamento de R$ 6,1 bilhões está programada para novembro. Já prevê, porém, que em um cenário de crise os R$ 500 milhões de investimentos ficarão comprometidos.

Em Porto Alegre, o contigenciamento já é esperado e, segundo Clóvis Magalhães, coordenador da campanha do prefeito José Fogaça (PMDB), normalmente é de 20%. "É natural que devamos fazer uma readequação orçamentária diante da crise", admitiu. Já na campanha da candidata do PT, Maria do Rosário, o coordenador Ubiratan de Souza confirma a revisão orçamentária, mas diz que o baixo percentual de investimentos da gestão atual possibilita um aumento do volume.


Caio Junqueira, Marta Watanabe e Guilherme Manechini, de São Paulo
Valor Online, 24/10/08


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