domingo, 30 de março de 2008

Ações de sustentabilidade têm resultados modestos

Para quem quiser entender um pouco mais as razões destes "resultados modestos", sugiro a leitura da Carta Rede Social 160 de Augusto de Franco.


O Brasil está mais avançado do que outros grandes países emergentes, como Índia e China, em ações ligadas ao desenvolvimento sustentável. Mas, a despeito dos esforços, os resultados concretos ainda são modestos. A análise foi feita pela gerente da área de economias emergentes da consultoria SustainAbility, Jodie Thorpe, que participou, no Rio, de um evento sobre o assunto. Ela também alerta que, de forma geral, ações pouco consistentes de sustentabilidade no mundo podem vir a ser afetadas pela crise econômica internacional.

“O Brasil está na frente. Há alguns bons exemplos no País de ações que até se destacam globalmente. Algumas empresas fazem um excelente trabalho. Mas ainda se vê que a grande maioria das companhias discute esse assunto, faz relatórios, se interessa, cria departamentos, mas suas ações ainda não tiveram impacto efetivo”, diz. O evento Sustentável 2008, promovido pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), reunirá especialistas e executivos de grupos que investem nessa área.

Na avaliação do presidente do CEBDS, Fernando Almeida, as empresas já estão fazendo bastante, mas “todo esse investimento ainda não foi suficiente para mudar a tendência”. Ele pondera que, na prática, o assunto está difundido apenas numa “certa elite” empresarial, de especialistas ou grupos ligados ao assunto. O próprio tema da sustentabilidade parece difícil de se explicar, porque envolve uma série de conhecimentos e áreas dentro das empresas.

“É sinônimo de sobrevivência. É quando você consegue ter as três dimensões de um negócio, a econômica, social e ambiental, unidas e sem atropelo de uma pela outra. Hoje, a dimensão econômica atropela as demais”, diz Almeida. Jodie comenta também que ações rotuladas como sustentáveis tendem a ser afetadas pela crise global. “Acredito que, com a alarmante crise econômica nos EUA e na Europa, veremos algumas coisas que são apresentadas como ‘sustentabilidade’ caírem por terra. Mas as iniciativas que são realmente estratégicas irão sobreviver à crise.”

Jodie argumenta que a nova concepção já ganha espaço em países emergentes. “Empresas foram capazes de assimilar tendências globais, desde a crescente escassez de água, petróleo e outros recursos naturais até as necessidades particulares de diferentes segmentos da população, e foram capazes de criar processos e produtos inovadores como resultado”, diz ela. No Brasil, ela cita iniciativas do ABN Real, Natura e Amanco, dentre outras.

O Real criou, por exemplo, um espaço para compartilhar experiências com parceiros e o público externo, uma espécie de fórum para a troca de conhecimentos sobre o assunto. A Amanco adaptou sistemas de irrigação para pequenos produtores rurais. No caso da Aracruz Celulose, um dos objetivos traçados no plano de sustentabilidade é conservar a biodiversidade nos 154 mil hectares de reservas nativas da empresa, assim como a ampliação dessas áreas. Além disso, a empresa definiu a “busca por uma solução estável e juridicamente segura para a disputa de terras com as comunidades indígenas do Espírito Santo”, o que acabou sendo alcançado, segundo a empresa, com a assinatura de um acordo em dezembro de 2007.

Nilson Brandão Junior, O Estado de S. Paulo
Publicado pelo Projeto Envolverse em 26/03/08


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