quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Google mira nos grandes anunciantes

André Borges
Publicado pelo
Valor Online em 23/01/08

Esteban Walther, diretor de verticais para América Latina; Gustavo Gasparini; gerente de indústrias verticais no Brasil; e Andreas Huettner, diretor para os setores automotivo e de viagens: somos mais que vendedores de palavras
Foto Anna Carolina Negri/Valor


Sexo, jogos e... Detran. Com alguma surpresa, essas três palavras são as líderes de audiência na internet brasileira. Em 2007, os termos figuraram entre os dez mais pesquisados na página do Google no Brasil. É como se, em uma comparação com a TV, esses três assuntos fossem "o horário nobre" da programação, ou seja, aquele que atrai mais público e, por conseqüência, representa o tempo mais caro e disputado para anúncios de publicidade. Na internet, essa audiência abre espaço para mais interpretações.

O Google, hoje uma companhia avaliada em mais de US$ 170 bilhões, transformou-se no que é não apenas por firmar-se como o principal serviço de busca na maioria dos países, inclusive nos Estados Unidos, mas principalmente por encontrar uma maneira eficiente de ganhar dinheiro com isso: a empresa especializou-se na venda de palavras.

No jargão do setor, é o que se conhece por link patrocinado, um pequeno anúncio com poucas linhas de texto que costuma aparecer ao lado do resultado da busca de uma palavra qualquer, como automóvel ou pizza. Tão simples, o negócio deu um nó no mercado publicitário. Empresas como Google, Microsoft e Yahoo - para citar os principais donos dos serviços de busca - jogam com todos os verbetes do dicionário. São milhares de palavras que remetem a propagandas assim que os termos são digitados. Esse mundo das palavras já era bem explorado entre os pequenos anunciantes, mas o Google quer, agora, estender o negócio às companhias que detém os maiores orçamentos publicitários do país.

Da Europa, a empresa trouxe para o Brasil o catalão Esteban Walther, que nos últimos dois anos cuidou da estruturação de equipes de consultoria para venda de publicidade do Google. A partir de São Paulo, Walther vai liderar a montagem de times setoriais do Google na América Latina. A proposta, já adotada nos Estados Unidos, é ter gente especializada em diferentes setores, como finanças, telecomunicações, automotivo, entretenimento e varejo. Com essas equipes, o Google fará algo até agora inédito a suas operações no país: vai bater na porta do anunciante para vender consultoria de anúncios. "Não vendemos mais apenas palavras", comenta Walther. "Oferecemos conhecimento de mercado, estudos de caso para cada campanha."

Nos próximos meses, a empresa deve formar equipes para atender a cerca de uma dúzia de verticais. O serviço de consultoria, segundo Walther, não terá qualquer custo para o anunciante. Ao montar uma estratégia de anúncios para grandes companhias, o Google aposta no volume de propaganda que essas empresas podem gerar.

Para tocar os projetos de verticais no Brasil, o Google acaba de contratar Gustavo Gasparini, executivo que traz na bagagem seis anos de consultoria na Booz Allen Hamilton. Também vai liderar o projeto Andreas Huettner, que veio do Google na Alemanha para ser diretor de vendas dos setores automotivo e de viagens.

As equipes, segundo Gustavo Gasparini, trabalharão próximas às agências de publicidade dos anunciantes. Desde o ano passado, o Google tem feito encontros com agências para detalhar seus recursos. Gasparini não fala em número de contratações, mas a idéia é que algumas dezenas de pessoas entrem para o time de consultores.

A preocupação em atrair as grandes companhias não se dá por acaso. Hoje, a massa de anunciantes do Google é formada basicamente por negócios de pequeno e médio portes, além de microempresas. Não é difícil encontrar entre os anunciantes links de uma peixaria ou de um artesão autônomo, por exemplo. Mas também já há espaço para companhias como Bradesco, Credicard e Kibon.

Atualmente, a venda de links é completamente automatizada. O negócio funciona como um leilão. O cliente acessa o site, escolhe as palavras-chave de seu interesse e direciona seu link para quem buscar o termo. O diferencial é que este anunciante só pagará pela propaganda se o internauta clicar nela. Outra particularidade é que o preço de cada palavra fica em aberto, isto é, o próprio usuário é quem decide o valor total que irá anunciar e quanto pagará por cada palavra. O que determina se seu anúncio sai na frente de outro é uma combinação de fatores como o preço que ele decidiu pagar para ter seu link vinculado àquela palavra e, principalmente, a relevância de seu conteúdo para a busca do usuário, determinada por filtros do site. Isso significa que um anunciante que pagou menos por um termo pode sair na frente de outro que gastou mais, mas teve relevância menor.

Agora, com uma abordagem direta ao mercado, o Google quer ampliar as possibilidades de alcance e de resultado da propaganda na web. "Vamos revirar o conceito de marketing nesse país", diz Huettner. Na lista de desafios do Google está a tarefa de convencer o anunciante de que, em meio aos 40 milhões de internautas brasileiros, há consumidores para tudo, não apenas aqueles interessados em temas como relações amorosas, joguinhos eletrônicos ou o pagamento do IPVA.


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