segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Avaliação participativa

Ricardo Wilson-Grau *
Publicado pelo
redeGIFE Online em 11/02/08

Eu avalio os programas das organizações que estão comprometidas com a mudança social: inovação, sistemas de modificação, estruturas de transformação e relacionamentos de poder. Eles querem entender o impacto de suas atividades, mas aceitam que o tempo entre a ação e o efeito, e a extrema dificuldade de atribuição fazem com que seja quase impossível medir as mudanças permanentes e sustentáveis nas vidas das pessoas ou no meio ambiente. Portanto, nós avaliamos os resultados que são anteriores ao impacto.

Os 1.800 membros da Global Water Partnership (GWP), por exemplo, pretendem melhorar a gestão integrada de água em 60 países para aliviar a pobreza e contribuir para o desenvolvimento sustentável. O processo da GWP envolve muitos atores governamentais, das empresas e da sociedade civil, nos níveis global, regional e nacional, cujos relacionamentos estão mudando constantemente.

Além disso, as muitas variáveis – econômicas, políticas, sociais, tecnológicas e ecológicas – às quais as parcerias globais, regionais e nacionais de água estão sujeitas significam que as influências fora do trabalho da GWP podem ter mais efeito sobre os resultados do que aquelas dentro do trabalho da GWP. Os objetivos finais levarão décadas para serem atingidos.

A contribuição da GWP para os resultados é, portanto, de causalidade não linear: embora tenha refletido sobre os objetivos originais e os planos para alcançá-los, a GWP pode, no máximo, controlar as suas próprias atividades e, muitas vezes, até mesmo essas são modificadas por circunstâncias externas. Os resultados e os impactos são amplamente incontroláveis e imprevisíveis.

Nós usamos, portanto, uma definição de resultado desenvolvida pelo Canadian International Development Research Center: as mudanças em outros atores sociais que juntos representam um padrão de mudança em direção ao uso sustentável da água. Apenas quando pessoas ou instituições mudarem seu comportamento, as mudanças na sociedade ou no meio ambiente serão conseguidas. Esses resultados estão fora do controle da GWP, mas estão sob a sua influência.

Uma maneira tradicional de avalia um programa para fornecer água limpa para comunidades com a instalação de filtros seria contar os filtros instalados e medir as mudanças subseqüentes na qualidade da água. Uma avaliação que enfoque as mudanças no comportamento começa com a premissa de que a água não permanecerá limpa a não ser que as pessoas trabalhem para mantê-la assim. Ela, portanto, avalia se as pessoas responsáveis pela pureza da água ajudaram a criar leis e regulamentos corretos e a conscientização e compreensão da comunidade, e se usaram os meios corretos para monitorar e manter essa pureza.

A avaliação responde a três perguntas sobre a mudança:
• Os resultado: quem mudou o que, quando e onde? Identificamos as ações específicas e verificáveis em comunidades, resultado do trabalho da GWP. Essa explicação deve ser de fácil entendimento para terceiros.
• Qual é a significância de cada resultado?
• Que faceta do trabalho da GWP influenciou cada resultado? Como?

Duas perguntas adicionais são também geralmente respondidas:
• Existe alguma evidência de que os resultados contribuem para a melhoria sustentável da vida das pessoas em seu ambiente?
• Que lições foram aprendidas e podem melhorar a intervenção da GWP?

A metodologia que eu uso se baseia na Avaliação Focada na Utilização de Michael Quinn Patton. Os usuários principais usuários das descobertas da avaliação são os principais participantes dela. No caso da GWP, são os funcionários baseados na secretaria global em Estocolmo e nas 13 secretarias regionais e 60 secretarias nacionais, além dos representantes de agências governamentais, empresas e CSOs que formam as parcerias de água. Nós convidamos esses usuários para esclarecer os usos pretendidos da avaliação. Eles geralmente incluem:
• melhorar a compreensão compartilhada entre os parceiros da GWP e informar outras partes interessadas;
• apoiar e reforçar o trabalho contínuo da GWP;
• aumentar o envolvimento, autodeterminação e senso de propriedade dos usuários;
• fomentar a cultura de avaliação na GWP;
• construir a capacidade dos usuários;
• melhorar as comunicações entre eles e outros relacionados com o programa.

Depois que os usuários estão envolvidos, eles continuam a se envolver no projeto, coleta e análise de dados, definição de conclusões e formulação de conclusões para a ação.

Seja uma avaliação formativa ou somativa, descobri que quanto maior for o envolvimento dos usuários e quanto mais nós, avaliadores, servirmos como facilitadores em uma pesquisa conjunta, em vez de especialistas, melhor será a avaliação. Talvez mais importante, através de sua participação, os usuários desenvolvem a compreensão e o compromisso de implementar as recomendações da avaliação.

* Ricardo Wilson-Grau é um consultor especializado em avaliação.
Para obter mais informações: www.gwpforum.org


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