Investidores sociais querem alinhar recursos para Educação
Debater o alinhamento entre investidores sociais e o governo em prol de um ensino de qualidade para o alcance de melhores resultados foi o objetivo do 2º Workshop de Alinhamento do Investimento Social Privado em Educação. Realizado no dia 26 junho, o evento é promovido pelo GIFE, Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) e Todos pela Educação e contou com a participação de 100 convidados.
Na abertura, Cláudio Haddad, presidente do Insper, reafirmou o compromisso da universidade em desenvolver mais conhecimento e melhores práticas em Educação. “Um dos temas importantes para o desenvolvimento do país e seu crescimento”, esclareceu. Segundo Haddad, a mudança do nome da universidade – antes Ibmec – para Insper também contribui para os valores da organização. “Insper significa Inspirar, pertencer e transformar”, declarou.
Já o presidente-executivo do Todos Pela Educação, Mozart Ramos, destacou a importância da harmonia entre o investimento público e privado. “Esse momento de alinhamento e de conhecimento das experiências dos institutos e fundações é decisivo para a continuidade de políticas públicas”, disse. Em sua experiência, enquanto reitor da Universidade Federal de Pernambuco, ele pôde perceber a contribuição do investimento social privado na UFPE, o que possibilitou a criação de novos departamentos de estudos.
De acordo com dados do Censo GIFE -- mapeamento que o GIFE faz sobre o Investimento Social Privado (ISP) de seus associado -- , educação é a área prioritária do ISP. Em 2007, 80 associados – de uma base de 101 organizações - investiram R$ 1,15 bilhões nessa área. “O workshop partiu da constatação de que é desafiador trabalhar de maneira alinhada. São universos diferentes no setor privado, no terceiro setor e no setor público, são vocabulários diferentes e perspectivas distintas sobre o que é boa educação. Gerar esse alinhamento é um grande desafio e o workshop conseguiu avançar nessa agenda”, afirmou o secretário-geral do GIFE, Fernando Rossetti.
Secretário-geral ainda afirmou que “o engajamento das organizações que foram ao workshop e o esforço verdadeiro em discutir como articular seus projetos entre si e com as políticas públicas mostra a preocupação dos investidores sociais brasileiros em realmente fazer transformação social por meio de seus projetos.
Além de seu censo bienal, o GIFE começou a produzir um levantamento denominado “Mini-Censo Educação”, que apontará as práticas realizadas pelos investidores sociais associados ao Grupo. A diretora executiva do Instituto Paulo Montenegro, Ana Lúcia Lima, apresentou algumas reflexões já apontadas na pesquisa:
atuar em parceria não é novidade para associados que praticam seu ISP na área da Educação, seja por meio da própria execução de seus programas, recebendo aportes de diferentes tipos de parceiros ou apoiando parceiros com recursos econômicos e técnicos;
o critério que o associado leva em conta ao desenhar sua estratégia de investimento social na área de Educação é temático (ex: Educação para questões de Meio Ambiente, Saúde etc.);
as diretrizes consideradas na seleção dos segmentos populacionais beneficiados pelas ações são indicadores educacionais, tal como a proximidade às instalações da empresa;
as formas de atuar são muito diversas e complementares, por meio de campanhas de mobilização, voluntariado, entrega de prêmios, ações de advocacy etc.;
recursos e metodologias podem ser compartilhados.
A secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar Lacerda, também presente no evento, destacou que é fundamental para os investidores sociais privados o conhecimento mais aprofundado da realidade da escola pública e de seu funcionamento. “Atualmente os professores estão se debatendo com questões para as quais eles não tiveram formação”, explicou.
Por meio do relatório do Unicef “Situação da Infância e da adolescência brasileira 2009” – O Direito de Aprender”, a oficial de projetos de Educação do organização internacional, Maria Salete Silva, pontuou que desigualdades como, região ou local onde a criança vive, cor da pele, idade e deficiências físicas ou mentais, impactam no aprendizado desse público. “Queremos discutir o papel do ISP na garantia do desenvolvimento das crianças”, afirmou.
Ele fez também algumas recomendações como:
. potencializar avanços e radicalizar na redução ou eliminação das desigualdades;
. universalização de direitos
. conhecimento e reconhecimento da situação das crianças e adolescentes mais vulneráveis;
. intersetorialidade;
. ampliação da escolaridade obrigatória;
. alcançar 8% do PIB na Educação;
. troca de experiências e aprendizagem conjunta com outros países.
Os participantes do workshop participaram ainda da dinâmica “O papel de cada ator: obstáculos e soluções”, cujo objetivo era chegar a consensos sobre caminhos para o alinhamento dos investimentos. Com a mediação de Fernando Abrucio, doutor em Ciência Política pela USP e professor da Fundação Getúlio Vargas, os participantes do grupo representavam um “personagem” que participava de uma reunião para definir o projeto que uma usina fictícia patrocinaria em uma cidade do Nordeste.
Nessa reunião hipotética, participaram representantes da secretaria de educação do município, da Usina, da associação local e das escolas da rede. Ao final da dinâmica, cada grupo entregou um formulário preenchido, mostrando como foi a discussão, como seria o projeto e relatando os principais obstáculos encontrados para o alinhamento.
Ao final, o evento trouxe como proposta a construção de eixos de conteúdo, identificando ideias e materiais já desenvolvidos pelos associados sobre o investimento nessa área. Como encaminhamento ficou a construção de uma carta de princípios para o alinhamento do ISP em Educação.
Conheça o histórico dessa iniciativa: Workshop de Alinhamento do Investimento Social Privado em Educação.
Tatiana Vieira
redeGIFE Online, 29/06/09
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