Grupo americano beneficia 6 milhões de pessoas no Brasil
Estudo inédito sobre o Investimento Social Privado de organizações americanas no Brasil mostra que 59 organizações, entre 46 empresas e 13 fundações, beneficiam diretamente 6 milhões de brasileiros. Ao todo, elas são responsáveis por 765 programas sociais no país, nos quais coordenam mais de 87 mil voluntários.
A pesquisa foi elaborada a partir de um levantamento junto a 59, das 104 companhias integrantes do Grupo +Unidos. O Grupo é uma parceria entre a Missão Diplomática dos Estados Unidos no Brasil e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), apoiados pela Câmara de Comércio Americana (AmCham).
“O +Unidos tem o propósito de desenvolver e divulgar iniciativas de responsabilidade social corporativa no Brasil. O estudo é uma forma de incentivo para que elas trabalhem de forma conjunta”, afirma o embaixador dos EUA no Brasil, Clifford Sobel.
Produzido pelo GIFE, o levantamento faz um mapeamento das ações sociais realizadas por essas organizações, presentes em todo o território nacional. Assim, foram analisadas as estratégias de investimento das companhias, tal como os repasses de recursos pela matriz americana, bem como sua efetiva participação na aplicação das verbas. Também foram mensuradas as instâncias envolvidas na administração do ISP e os processos de seleção e criação de projetos.
A partir da discussão desse relatório, o +Unidos busca criar o que chama de marco zero do Grupo. Com ele, será possível visualizar as oportunidades, os desafios e as tendências que irão nortear as ações do Grupo. Além disso, haverá organização de workshops, em que as empresas poderão trocar experiências. “Nós queremos ser exemplo para empresas trabalharem em parceria”, garante o presidente da Microsoft Brasil e co-chairman do grupo, Michael Levy
Principais resultados
O balanço consolidado do estudo refere-se às ações realizadas no ano de 2006 por essas 59 organizações. Nesse período, 765 ações foram apoiadas ou realizadas, em todos os Estados. Destas, 564 programas e projetos sociais desenvolvidos assistiram, prioritariamente, as áreas de educação, saúde, meio ambiente e formação para o trabalho. Já 201 ações de voluntariado foram aplicadas em áreas diversas.
Juntas, todas as ações beneficiaram diretamente, de “forma constante, regular e consistente” – veja publicação --, 6 milhões de brasileiros. O estudo mostra também que mais de 32 milhões de pessoas foram beneficiadas indiretamente por esse conjunto de ações, por meio de participações pontuais em projetos culturais, educacionais ou de saúde, por exemplo, ou ainda por intermédio da transmissão de conhecimentos por uma pessoa capacitada.
Entre as 46 empresas analisadas nesse trabalho, a maioria (63%) afirmou ter baseado sua estratégia de 2006 no financiamento de projetos de terceiros concomitantemente com a operação de projetos próprios. Mais da metade das empresas – 55% – declarou não se valer de orçamentos em investimento social para leis de incentivo fiscal.
Questionados sobre a influência da matriz para definir financiamentos de projetos, 52% dos respondentes afirmaram receber pouca ou quase nenhuma, tal como 41% deles disserem não utilizar auxílio de consultores na concepção dos programas.
Com relação aos principais impactos observados pelas organizações, a maioria, ou 59%, acredita que suas ações de ISP resultam na criação da chamada tecnologia social, isto é, desenvolvem métodos, técnicas ou processos que podem contribuir para solucionar problemas sociais aplicados em outras comunidades. Essa conclusão se dá a partir de monitoramentos técnico e financeiro realizados por 80% das empresas.
“Empresas americanas começam a visitar o Brasil para fazer parte desse Grupo e aprender com essas ações. O próprio (presidente eleito dos EUA) Barack Obama disse, para meu espanto, conhecer essas iniciativas”, conta Clifford Sobel
Objetivos do Milênio
As organizações pertencentes ao +Unidos obedecem como regra pétrea a missão do Grupo: “Fortalecer alianças entre os setores público e privado para otimizar e intensificar os investimentos de responsabilidade corporativa dos EUA no Brasil de forma sustentável, a fim de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.”
Assim, “Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento” é o líder das ações de ODMs desenvolvidas pelo +Unidos, com 27% dos programas realizados em 2006. Em segundo lugar recebeu atenção a meta “Combater HIV/AIDS, malária e outras doenças”, com 19% das ações.
O terceiro lugar em prevalência (18%) foi atribuído a ações diversas, que não se enquadram diretamente em nenhum dos oito objetivos. Em sua maioria, pertencem às áreas de cultura e assistência social, como: patrocínio a espetáculos, apoio à publicação de livros, doações para fundos municipais da infância e da adolescência são exemplos dessa categoria.
“Garantir a sustentabilidade ambiental” apresenta 17% das ações e ocupa a quarta colocação. Com 9% de ações, a meta de “Atingir o ensino básico universal” ocupou a quinta posição de programas realizados pelo +Unidos. 4% das ações foram destinadas à meta de “Erradicar a pobreza e a fome”.
“Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia entre as mulheres” ficou em sétimo lugar, com 3% das ações. E nas oitava e nona colocações, respectivamente, estão elencadas ações dedicadas às metas de “Redução da mortalidade infantil” (3%) e de “Melhorar a saúde materna” (menos de 1%).
Entre os programas menos desenvolvidos pelo Governo brasileiro, dois estão inclusos nos quatro principais programas do +Unidos. São eles o 8 e o 7. A Saúde Materna, considerada uma meta deficitária no País, é também um assunto pouco abordado pelas ações do +Unidos, o que indica uma importante oportunidade para a atuação futura das companhias.
“Esse estudo torna-se um compêndio da atuação deles. Assim, eles podem identificar as áreas com menores investimentos e criar projetos focados”, considera Michael Levy.
Áreas de atuação
Entre as 564 ações realizadas pelas organizações, 44% tem como prioridade a educação. Para essa área foram realizados projetos de abrangência para todos os níveis de ensino e ampla faixa etária (da primeira infância à educação continuada para adultos). Adoção de escolas próximas às fábricas, capacitação de professores, apoio financeiro a entidades que promovem educação, envolvimento da comunidade, oferta de livros, computadores e softwares, reforço escolar, premiações exemplificam essas iniciativas.
Em seguida, foram promovidas ações para a saúde, com 153 iniciativas (27%); meio ambiente, totalizando 109 programas (19%), e formação para o trabalho, compondo 89 ações (16%).
Na seqüência, registraram-se 69 iniciativas (13%) de apoio e assistência a pessoas em situação de exclusão social. Cabe salientar que assistência social também foi alvo da maior parte das iniciativas de voluntariado. Abaixo de 10% ficaram ações para geração de trabalho e renda, e cultura e artes, cada uma com 8%. Comunicações e defesa de direitos, com 4%; desenvolvimento comunitário e esportes, cada uma com 3%, e, fechando com 2%, apoio à gestão de organizações do Terceiro Setor. Outros 2% não se encaixaram em nenhuma das classificações.
Voluntariado
As organizações estudadas realizaram mais de 200 ações de voluntariado em todo o País no ano de 2006. O contingente declarado de funcionários que participaram dessas ações totaliza 87 mil pessoas. Considerando um universo de 320 mil empregados, a média de adesão do grupo de empresas que representa o +Unidos, tem representatividade de 27%.
Isso demonstra um índice de mobilização acima de média nacional, que é calculada em 20%, de acordo com a pesquisa do Riovoluntário, publicada em 2007. Além disso, 80% das companhias afirmaram ter investido em voluntariado em 2006.
Em 2007, esse número foi ampliado para 85%. É importante salientar que 63% dos voluntários participaram da escolha das ações, opinando nos temas a realizar. Além disso, quase a metade do total de voluntários (46%) contava com planos delineados para a aplicação da força disponível e eram liberados do serviço para atuar (48%).
As ações de voluntariado do Grupo +Unidos envolveram cerca de 860 mil pessoas, beneficiadas direta e indiretamente, em várias cidades do Brasil, no período analisado Além disso, mais de 1.200 instituições receberam benefícios. Embora não se saiba a quantidade de pessoas que elas atingiram, sabe-se que compõem um universo variado de ONGs, lares de crianças, casas de idosos, creches, cooperativas, escolas, hospitais e postos de saúde. Assistência social representa a área de maior atuação. Ela é seguida por educação, saúde e outras, como meio ambiente, cultura/artes e defesa de direitos, entre outros.
“Em meio a um cenário de crise e possível redução de investimentos sociais por parte das empresas, aumenta a necessidade de atuar em rede para ampliar o impacto de suas ações. A pesquisa do Grupo é oportuna porque facilita a articulação entre essas organizações”, argumenta o secretário-geral do GIFE, Fernando Rossetti.
Rodrigo Zavala, da Rede Gife
Envolverde, 16/12/08
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.