domingo, 6 de maio de 2007

12 mitos sobre o e-voluntariado

Publicado na Toca da Cathy em 02/05/07

Voluntariado on-line significa serviço não pago, prestado via internet. É um método de voluntariado que venho usando, estudando, documentando ou promovendo desde 1995, primeiro de forma independente, em seguida com o "Projeto de Voluntariado Virtual" e com o Serviço de Voluntariado on-line das Nações Unidas. Também é conhecido como voluntariado virtual, monitoria on-line, e-monitoria, e-voluntariado, cyber voluntariado, cyber serviço, telemonitoria etc. Agora, depois de 10 anos fico surpresa em ver como muitos mitos continuam por aí a respeito desse conceito.

Eis uma lista dos 12 mitos mais comuns e minha tentativa de confrontá-los.

1. E-voluntariado é bom para quem não tem tempo de ser voluntário presencial.
Falso: esse é provavelmente o mito mais chato de todos a respeito dessa prática. E-voluntariado demanda tempo real e não tempo virtual. Se você não tem tempo para ser um voluntário na vida real, você provavelmente não tem tempo para o e-voluntariado. O e-voluntariado não deveria ser promovido como uma alternativa ao método do voluntariado para aqueles que não tem tempo para o voluntariado presencial.
Ao contrário, o que atrai as pessoas para o e-voluntariado é:
- outra forma para uma pessoa ajudar uma organização para a qual ela ja contribui presencialmente;
- é um meio alternativo para uma pessoa que não pode exercer o voluntariado no local, (apesar de ter tempo para o voluntariado), pois não pode deixar sua casa ou seu local de trabalho;
- permite que pessoas com deficiências, com problemas motores, ou pessoas que não podem deslocar-se facilmente, exerçam atividades voluntárias;
- permite que uma pessoa contribua para uma causa de grande importância para ela, mesmo que essa causa não esteja localizada em sua área geográfica ;
- permite que uma pessoa ajude uma área geográfica para onde ela não pode ir.

2. As pessoas que prestam voluntariado on-line não o fazem presencialmente.
Falso: de acordo com pesquisas feitas pelo "Projeto de Voluntariado Virtual" nos anos 90, assim como com evidências na prática de várias organizações, a grande maioria dos que prestam e-voluntariado também exerce voluntariado presencial em suas cidades ou região, e freqüentemente para as mesmas organizações nas quais já atuam presencialmente.

3. Pessoas que exercem o e-voluntariado o fazem para organizações que estão geograficamente distantes.
Falso: a maioria dos e-voluntários são pessoas que também exercem o voluntariado presencial para a mesma organização; por exemplo, um designer gráfico que doa seu trabalho para fazer um relatório anual, pode encontrar a diretoria da organização para uma reunião de trabalho, mas executa a maior parte do trabalho em sua casa ou no computador de seu local de trabalho. Além disso, a maior parte dos e-voluntários procura oportunidades que estão na mesma área geográfica assim como o fazem aqueles que procuram oportunidades presenciais. Porém, é um fato que existem milhares de e-voluntários que procuram oportunidades de e-voluntariado a distância, e o Serviço de Voluntariado on-line das Nações Unidas é uma excelente via para encontrá-las.

4. As pessoas que exercem o e-voluntariado são jovens, com posses e moram nos EUA.
Falso: os e-voluntários são de todas as idades, são pessoas que sabem usar a internet de forma autônoma (normalmente começam a partir dos 13 anos), com diferentes níveis educacionais e profissionais, e de varios países, nacionalidades ou raças. Conclusões do Projeto das Nações Unidas indicam que mais de 40% dos e-voluntários são de países em via de desenvolvimento. É claro que cada organização de voluntariado on-line terá suas próprias conclusões relativas a sua própria atuação geográfica. Resumindo, não se pode fazer generalizações a respeito de quem são os voluntários on-line.

5. Pessoas que exercem o e-voluntariado são muito timidas e têm dificuldades para interagir com outras.
Falso: como já dito anteriormente, e-voluntarios são, na maioria, pessoas que atuam como voluntários presencialmente. De fato, é a fome por interação que leva a pessoa a ser voluntária presencial ou virtualmente.

6. E-voluntarios engajam-se principalmente em tarefas relaionadas com a tecnologia.
Falso: e-voluntários engajam-se em vários tipos de tarefas não relacionadas com a tecnologia, tais como publicidade, planos de negócio, desenvolvimento de relações humanas, captação de recursos, relações públicas, pesquisas e facilitações em discussões on-line. A investigação dos anúncios de e-voluntariado postados no Serviço de Voluntariado on-line das Nações Unidas, mostra que 50% ou mais dos anúncios não são relacionados com a tecnologia.

7. O e-voluntariado é impessoal.
Falso: interações on-line são bastante pessoais. em muitas circunstâncias, pessoas preferem compartilhar informações e sentimentos on-line do que fazê-lo presencialmente. Da mesma forma, compartilham com mais facilidade fotos de família ou acontecimentos privados pela internet do que o fariam em um almoço entre voluntários. Voluntários on-line com os quais tenho trabalhado são pessoas reais e não virtuais. Festejo quando se casam, ou se formam ou ganham nenê ou conseguem emprego e choro quando morrem ou quando perdem um ser amado.

8. Entrevistar voluntários potenciais presencialmente é muito mais confiável do que entrevistá-los via internet.
Falso: ambos os métodos de entrevista têm forças e fraquezas. Em certas situações um método pode ser mais apropriado que o outro, mas ambos são eficazes. Falei com muita gente presencialmente que demonstrou entusiasmo e interesse em tornar-se e-voluntário e solicitou informações sobre como começar e que nunca deu sequência. Enquanto que pessoas on-line podem mostrar interesse, compromisso e espertise quase que imediatamente, respondendo e-mails prontamente e com boa redação.

9. A internet é perigosa e conseqüentemente o e-voluntariado traz muitos riscos à organização e a seus clientes.
Falso: a internet não é nem mais nem menos perigosa do que o mundo off-line. Quando uma pessoa (incluindo crianças) é prejudicada em atividades na internet é porque ela (ou seus pais) não tomou medidas de segurança apropriadas. Estranha-me o fato de que pais que nunca permitiriam que seus filhos fossem brincar num ponto de ônibus, permitem que os mesmos freqüentem salas de bate-papo sem sua supervisão. Há inúmeras informações sobre como tornar a prática de e-voluntariado segura (incluindo tutoria on-line) no Projeto de Voluntariado Virtual.

10. O maior obstáculo para o e-voluntariado é a falta de acesso a internet.
Falso: para as organizações, o maior obstáculo para o envolvimento bem sucedido de e-voluntários é a falta de experiência em gerenciamento de práticas de voluntariado. Se uma organização não sabe como envolver efetivamente os seus voluntários presenciais, também não é capaz de fazê-lo na modalidade on-line.

11. Há muito o que se fazer ainda para conseguir mobilizar pessoas para o e-voluntariado.
Falso: há muito mais gente querendo ser e-voluntária do que oportunidades oferecidas. Há muito mais o que fazer, isso sim, para ajudar as organizações a capacitarem-se para a administração de voluntários e a incorporarem informações sobre o e-voluntariado em suas capacitações.

12. E-voluntariado é um conceito muito novo.
Falso: o e-voluntariado existe desde o inicio da internet que nasceu a mais de 40 anos. Tim Berners Lee, em um evento on-line dos voluntários das Nações Unidas ocorrido em Genebra em 2001, destacou o papel que os voluntários tiveram no desenvolvimento da rede mundial de computadores, pessoas que doaram seu tempo e sua experiência para uma causa na qual acreditavam, trabalhando juntos via internet.

Traduzido do inglês por mim, esse texto faz parte do acervo de Jayne Cravens (na foto), consultora especialista em e-voluntariado. Visitem seu site, em inglês: http://www.coyotecommunications.com/


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